A Garota Cristã:
Querido Diário
“Incomodo por que sou luz e a luz incomoda os olhos daqueles que estão em trevas!”, (Rebeca).
Dedico esta saga á todas as meninas, sei que os meninos lêem A Garota Cristã no twitter, mas esse livro eu dedico a todas as meninas cristãs não cristãs e que de alguma forma sentem que algo está errado. A adolescência é uma fase de confusões e muitas dúvidas, mas Jesus é o Caminho, siga-o e não tropeçarás!
Aliny
Capitulo 1: Uma Garota Nada Cristã.
Sampa, 20 de dezembro de 2010.
Quando acordei hoje, tudo o que eu não queria era ir pro curso de férias. Queria apenas chamar as meninas pra sairmos pra fazer alguma coisa das muitas coisas divertidas que fizemos a vida toda. Sem poder optar, tive que ir pro curso, mas logo depois, seu Paulo, meu motorista, aceitou que buscássemos Danda e a Thamy, pra irmos ao shopping.
Encontramos o Gustavo e a turminha dele. Sinceramente não gosto muito deles, mas amo o Gustavo. O rosto dele é perfeito, aqueles olhos verdes meio amarelados, fico sem ação. Acho que ele percebe minha timidez às vezes… Bom diário, como você é novo, tenho que apresentar a você algumas pessoas.
Dandara e Tâmara são minhas melhores amigas desde que éramos crianças. O Gustavo… Acho que sou apaixonada por ele desde que estávamos no jardim. Ele sempre foi lindo. Ano retrasado, eu e as meninas prometemos que seriamos madrinhas dos filhos uma das outras e que nunca faríamos um aborto, e que cuidaríamos eternamente uma da outra.
Bem, ainda não tivemos filhos para sermos madrinhas, mas a Danda já fez aborto, foi ano passado e ela só tem 15 anos. Na verdade foi por isso mesmo que fez, não queria estar barriguda quando vestisse a roupa de Cinderella. Bela Cinderella a minha amiga! Bom, mas é minha amiga e nós demos a ela todo o apoio.
Nossas aulas acabaram não faz muito tempo. Estamos de férias e cronometramos todos os nossos dias pra não passarmos nenhum dia, separadas. Eu tenho uma vida muito boa. Nós três somos loucas e alucinadas e um dia fugiremos num conversível, pra vivermos uma história parecida com o filme Crossroads, já disse a elas que eu sou a Britney.
Ficamos a tarde toda na casa da Danda, nos entupindo de álcool e cigarros. Só posso fazer essas coisas fora de casa. A Danda também tinha uns remedinhos que não posso lhe contar o que era, você é muito bebê, pra saber dessas coisas.
Seu Paulo, nunca falou nada para os meus pais. Até por que ele é sempre muito bem recompensado por isso. As meninas perguntaram quando eu decidiria perder minha virgindade. Disse que não me sentia segura ainda.
A Tammy disse que sou boba! Que é a melhor coisa que já aconteceu com ela. É tão prazeroso. Que eu não sabia o que estava perdendo e que depois ia me sentir mais mulher e muito mais segura em todas as minhas decisões. Que não há coisa melhor do que ter um garoto nos acariciando. Concordei com elas sobre ser boba, só que eu tenho medo.
Já disse a elas, que fico nervosa quando fico com alguém e logo em seguida eles começam a me tocar mais, como posso dizer… mais calientemente. Mesmo assim não adiantou muito. Pra elas sou um bebê, o único que restou no trio. E olha que crescemos juntas. Disseram que se eu decidisse com certeza o Gustavo aceitaria ser meu primeiro. A idéia de beijar o Gustavo e de tê-lo pra mim, me agradou muito. Bom, vou pensar agora sobre o assunto. Amanhã respondo a elas.
Sampa 21 de dezembro de 2010
Como vai diário?
Espero que esteja bem, por que eu estou pééssimaaaa. Ai! Amigo, eu tô com tanta raiva, tanta raiva! Acabei de descobrir que estou indo morar em um lugar muito longe daqui: Belém. Papai assumiu a presidência da filial lá e nós teremos que partir. O que significa dizer que os quinzola da Tâmara se foram e que eu não irei festejar meus quinzola com as minhas melhores amigas de infância. Odeio meu pai, odeio minha mãe, não entendo por que estão fazendo isso comigo.
Papai disse que ia mandar buscar as meninas pros meus quinze anos. Até parece que isso me consola. Elas não vão mais estar no mesmo colégio, nem vamos mais fazer festa e nem sairmos juntas. Oh! Nãão! Eu nunca mais vou ver o Gustavo! Nãão! Ai que ódioooo!
Acabou! A minha vida acabou! Vou morar no fim do mundo, com um monte de índios, não irei mais ter o direito a uma boa escola e muito menos terei a minha vida social…
Por quê meus pais estão fazendo isso comigo?! Por queê?
E já viajo semana que vêm. Como vou dizer isso pras minhas amigas?! Como?
Sampa, 22 de dezembro de 2010.
Contei à Danda e à Tammy. Ficaram muito tristes. Sugeriram que se eu ia embora teria que ter uma super festa de despedida. E antes de ir teria que ser “batizada”.
O que é batismo? Não. Não é aquele troço de igreja, não. Das quatro amigas mais chegadas, eu sou a única virgem. No batismo eu escolho com quem quero que seja minha primeira vez e ele tem que me aceitar.
As meninas disseram que da sexta-feira, eu não passo. Elas falaram que, se era pra eu ser batizada, tinha que ser com alguém daqui e não com algum índio. Confesso que estou super nervosa, mas pesquisei algumas coisas na internet, fiz umas compras, não quero fazer feio na minha primeira vez.
Ownn! O Gustavo é tão lindooo! Ixi! Peraí, telefone tocando.
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Voltei! Era a Danda, parece que ela falou com o Gú e ele disse que espera ansiosamente por mim. Tipo, por mim, sabe?
Ai! Ele é demais!
Ainda em Sampa, 23 de dezembro de 2010.
Diário, você não faz idéia de onde estou? No avião! Indo pra Belém! Meus pais arruinaram a minha vida! Só porque o presidente daqui convocou uma reunião pra apresentá-lo à filial de lá, tivemos todos que viajar, todos!
E sabe por que mamãe e eu não ficamos? Por que papai é louco por dinheiro e acha que nós duas somos enfeite! Ele sempre diz a mesma coisa: “é mais elegante aparecer com a família do lado!”.
Eu quero morreeeerrr! Não vou mais voltar! A festa de despedida se foi, a primeira vez com o Gustavo já eraaa! Meu querido ritual de passagem!
Eu não vou perdoar papai por isso, nuuuncaaa! Ele disse que só íamos embora semana que vem, ele é um mentiroso. Que ódio! Que ódio!
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P.S.: Tem um menino lindo na poltrona da frente!
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Chegamos. Estamos no hotel. Daqui a pouco é a festa do papai.
A Danda me ligou, contei tudo a ela. Dei uma volta pela cidade, não achei nenhum índio. Deve ser por que ficam em algum lugar afastado daqui. Fui num tal de Ver-o-Peso com meus pais, não gostei do cheiro, quase eu vomito. Sinceramente, não vou conseguir viver aqui. Parece que mamãe e eu vamos ficar em uma fazenda no interior do Pará, enquanto estou de férias, acho que papai a comprou, não sei direito.
Conheci minha casa. É em um edifício. Odeio edifícios e elevadores, papai surtou mesmo de vez. Mamãe então, está alucinada com a idéia de morar na Amazônia, “pulmão do mundo”, fica repetindo isso toda hora, um lugar selvagem, exótico. Minha mãe fica fascinada por essas coisas. Quando fomos pra um safari na África mamãe quis definitivamente que morássemos lá. Prefiro a minha querida São Paulo, cancerígena. Vi lugares bonitos aqui, mas quero voltar pra minha casa.
Tenho que me arrumar. Festas chatas, homens gordos, falando do futuro promissor de seus filhos imbecis, os filhos imbecis que colocarão seus velhos em asilos pra ficar coma grana deles, alguns dos filhos imbecis querendo mesmo que eu entenda de negócios pra poder me convidarem pra ir a algum lugar com eles… Socorro! Alguém me ajude! É só o que encontro nesses lugares.
Unf! Além das peruas que ficarão provavelmente bastante amigas da minha mãe. Pelo menos elas são engraçadas. Quer voltar pra minha casa… Ops! Ia esquecendo, papai vendeu a casa, não tenho mais casa…
Belem(Arrg!), Pará (Credo!), 24 de dezembro de 2010
Precisa falar alguma coisa da festa? Haviam homens bem mais gordos lá do que o Papai Noel. Ah! E eu não disse que éramos enfeite? Papai nos apresentou e nem se quer nos notou logo em seguida. Não somos uma família tão feliz como quando estamos em festas como essas.
Sim, é véspera de natal. Vamos ceiar apenas nós três e o cachorro. Sem farra depois das zero horas. A patrulha bagunça não está mais aqui (minhas best friends), que lástima e eu terei mesmo que me sentir assim pelo resto da noite, como me senti a vida toda, sem graça nenhuma.
Papai perguntou, ainda a pouco, se gostei do lugar. Acho que ele deve estar mesmo brincando.
HALLOOW! ALGUÉM PODE OUVIR?! EU ODIEI FICAR SOZINHA DA NOITE PRO DIA! Mas acho que meus pensamentos ainda não gritaram tão alto a ponto de meu pai pelo menos percebê-los.
Ah! Tá, quase esqueço. O primeiro ser humano que falo com a minha idade aproximadamente, é a filha do motorista. Garota estúpida. Veio logo falando comigo como se fossemos as melhores amigas. Me desejou Feliz Natal. Que engraçado! Pra não dizer “que infeliz comentário”.
A garota é religiosa. Quando fomos apresentadas tinha uma Bíblia na mão. Ficou cantando enquanto arrumava a minha mala. Espero que meu pai veja isso e expulse ela daqui.
Ele não gosta de religiões. Diz que só pessoas muito ignorantes, crêem nessas coisas.
Quer saber? Eu também não.
Pessoas religiosas não vivem. Não podem fazer nada do que realmente é legal.
A empregada? Nossaaaa! É muito sonsa. Não suporto gente assim. Parece que tá tudo bem com ela o tempo todo.
Meeeu! se liga! Tu é pobre! Falta só eu dizer isso pra ela. Decidi não falar. Até por que não quero que ela pense que pode manter contato. Prefiro ignorar esse tipo de gente. Não faço amizade com empregadas. Vou comer a ceia. Depois escrevo mais. Feliz Natal, Diário, você é o único que me entende. Amo você.
Quarto de Hotel, 25 de dezembro de 2010.
Feliz Natal! Estou ironizando.
A Tammy ligou. O Gustavo ficou com a Danda. Estou arrasadaaaa. Que traição! Minha amiga de infância, com o garoto por quem sempre fui apaixonada? Isso não pode!
Parece que ele ficou com raiva por que eu “fugi” do combinado.
Ei! Eu não fugi do combinado! Me seqüestraram! Fui seqüestrada por meus paaais! A Dandara se ofereceu pra fazer o que eu não fiz, mas Tammy me disse que ela já era afim dele fazia tempo e me disse também que ela me chamou de idiota, que só eu era a virgem aos catorze anos e o Gustavo disse que detestava filhinha de mamãe.
Que ódio! Isso é traição! Minha melhor amiga? Isso não pode ser verdade, mas a Tammy não inventaria isso. É uma noticia pior do que a outra… Que drooogaaa!
Já volto, estão batendo na porta.
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A empregadinha está arrumando o restante das minhas coisas. Disse a ela que fizesse rápido e saísse. Mandei parar de cantar. Ela parou. Mas ela me irrita!
Bom diário, vou pro twitter, desabafar com pessoas de carne, osso e teclas.
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Estava mexendo no twitter, daí dei com uma frase: “Árvores cheias de frutos tem seus galhos baixos, porque os frutos pesam(humildade). Árvores com galhos altos, não tem fruto algum(soberba)”, de uma tal @garotacrista. Segui rápido, mas dei unfollow, pensei que fosse Garota Crista, depois que entendi que era Garota Cristã, gente religiosa mais estúpida!
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Estou aqui há algumas horas e só parei de chorar agora que comecei a escrever. Que dor! Que vergonha! Não sei nem descrever o que estou sentindo. Minha melhor amiga está ficando com o garoto por quem fui apaixonada desde o dia em que soube o que era se apaixonar…
Aff! Ainda bem que não volto mais! Pensando bem, é melhor assim. Não sei com que cara ia olhar os dois. Agora estou aqui pensando… Céus! Ele mandou alguém ficar no meu lugar? Tipo… era com um imbecil desse que eu ia perder a minha virgindade?
Se ele me amasse, teria esperado por mim, mas ficou com raiva e me chamou de idiota! Idiota é ele! Imbecil! Detesto isso que estou sentindo. O pior é que… não tem ninguém me ouvindo… Ninguém pode me ajudar e você é só um monte de papel!
Que droga! Que coisa incomoda essa dor…
Se bem que seria muito pior ter que olhar pra cara dos dois novamente. Com certeza íamos para o mesmo colégio. Nossaaa, ia ser intolerável! Acho que estou começando a gostar de ter vindo morar aqui.
Belém 26 de dezembro de 2010
Essa manhã quando a empregadinha veio me servir café, ela quebrou o silêncio extenso de dois dias:
“Stella, sei que você não gosta de mim, mas gostaria de te dizer que eu gosto de você. Não trato você bem por que trabalho aqui, nem mesmo por que meu pai seja seu motorista ,entenda, somos funcionários da empresa, há vários anos, meu pai trabalha como motorista nela, então, saiba: a trato bem por que você precisa ser tratada assim, não por que eu precise.”
Silencio.
E na minha cabeça eu ouvia o grilo da incompreensão entoar algumas poucas notas: “cri…cri…cri…!” Ao que, depois de certo tempo quando a informação chegou à minha mente, ainda entorpecida pelo sono, retruquei:
“você é insolente e audaciosa! Não me chateie! Quando entrar em meu quarto não fale comigo e não cante! A sua voz me irrita e me incomoda!” pensei mesmo que depois disso ela ficaria quieta no mínimo.
O que se espera é que os empregados te temam , mas a garota além de pobre e de insolente é burra! Sem demonstrar um pingo de medo ela disse uma coisa que estou tentando entender até agora:
“incomodo por que sou luz e a luz incomoda os olhos daqueles que andam em trevas!”
Essa garota é louca? Não tem mesmo medo da morte? Posso fazer meu pai demiti-la a hora que eu bem entender. Ela disse que eu ando em trevas! Que ridícula! Ela é uma morta de fome e eu que ando em trevas? Pirada!
Depois que meus pais saíram (e aliás, eles têm saído toda noite), chamei a empregada e mandei buscar pipoca, pra assistir meu querido Harry lindo Potter. Ai, o Hadcliff seria perfeito pro meu batismo. Ele deixa o Gustavo no chinelo. Oh! Daniel, você é tão… tão… amo-te com os meus mais profundos sonhos de desejos dos quais zelo com todo carinho e fúria de uma leoa.
Daniel, você é minha ,maior paixão! Pattison, você é meu amante!
Capitulo 2: Uma vida Sem Amor
Belém do Pará, Quarto de Hotel, 29 de dezembro de 2010.
Querido diário,
Sinto muito te deixar só. Estive ausentes esses dias sim por que estava tentando me distrair. Não tinha o que contar até por que não há nada de novo em comer, assistir filme, comer, trocar de canal, comer, beber refrigerante, comer chocolate, fazer unha, e ouvir Gaga, ah! quase eu esqueço, e comer outra vez.
Acho mesmo que isso não é interessante pra você, não vim te contar esses últimos dias por que foi sem graça pra mim, com certeza não seria nada divertido pra você.
Hoje, na saída do hotel esbarrei com o meu motorista tendo uma conversa peculiar com a filhinha querida, Rebeca. Eles não me viram. Acabei descobrindo que a empregada não tem mãe, parece que morreu.
Sinceramente as vezes a acho tão estranha. Ela não fala nada, não reclama de nada. É a bondade em pessoa. Odeio tanta bondade em uma pessoa só. Mudando de assunto, não tenho um amigo aqui nessa cidade, não tenho absolutamente nada pra fazer. O jeito é correr com meu cachorro.
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Estou arrumando as malas, estamos indo para o aras da empresa mamãe e eu, pensei que era uma fazenda, mas papai me disse que era um aras mesmo. Legal! Cavalos são seres simplesmente fascinantes.
Como o papai é o presidente, então agora ele é nosso, eu acho!
Estamos indo para o sul do Pará, seu Antonio, o motorista, e a filha dele, a empregadinha Rebeca, vão conosco. Papai só vai aparecer aos finais de semana. Parei um pouco e vim escrever por que estou me sentindo muito mal. Tem uma coisa me incomodando.
Nunca mais conversei com meus pais. Bem verdade que ainda estou com raiva de terem me trazido pra cá. Mas, não a ponto de nunca mais falar com eles. Estou me sentindo órfã de pais presentes.
Eu estou cansada de estar só. Cryspin é um bom cão, mas ele não fala, só late. Ainda me dói pensar na Danda e no Gustavo, vi no Orkut que estão namorando.
Nem sei por que me importo. Não estou mais lá, estou aqui. Dificilmente voltarei. Talvez tudo melhore em fevereiro, quando as minhas aulas começarem. Irei estudar no mesmo colégio que a empregada. Aff!
A estive observando esses dias, que não escrevi em você.
Ela não reclama de nada a maioria das vezes. Sempre que pode está sorrindo. Tipo, ela é pobre, é minha empregada e só vive cantando. Jamais me olhou com raiva e nem com tristeza.
Eu? Eu mando nela se quiser. No entanto, ela sorri e sorri sempre. Pra mim sorrir é tão difícil. As vezes é como se alguma coisa faltasse, ela não tem nada do que tenho mas parece que está tudo bem o tempo todo, ela parece… se é que posso dizer e se isso existe… ela parece feliz.
Soube que a mãe dela faleceu a pouco tempo. Só ficou ela, o pai e o irmão, que mora com a avó no aras pra onde vamos. Lá é a verdadeira casa deles. Acho que se minha mãe morresse eu enlouqueceria. Se bem que, sentiria mesmo mais falta dela na hora das compras. Papai está sempre ocupado. Meus amigos ficaram pra trás… as únicas companhias que tenho são o cachorro, o motorista e a filha dele, que não suporto.
Parece que a vida é só isso. Acho que não há mais nada. Um dia eu nasci e um dia vou morrer. A vida nem vai notar que passei por ela. Meus pais não vão notar. O que há de errado comigo? Por que estou assim?
Alguma estrada do Pará, 30 de dezembro de 2010.
Estava meio difícil escrever dentro do carro. É por isso que estou escrevendo no smartphone. Não gosto muito, parece que as palavras não saem com liberdade, é como se o lugar dentro de mim ligado a escrita tivesse grandes preconceitos com aparelhos eletrônicos.
Na estrada há quatro horas, e ainda faltam mais duas horas. Estou sentada na frente do carro com seu Antônio. Mamãe e Rebeca estão dormindo aqui atrás. Papai está em algum lugar de Belém, em uma reunião de negócios.
Seu Antônio veio conversando comigo. Estranho, dele eu gosto. Ele fala com carinho. Me sinto amada. Mas é bom não dar tanto crédito, ele deve saber que eu é que mando aqui, não posso de forma alguma demonstrar fraqueza, mas, como ainda temos muito chão pela frente e alguém tem que mantê-lo acordado, vou tentar ser simpática.
*
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Chegamos. A casa é bem grande. Fomos recebidos pela avó materna e o irmão da empregada. Estou cansada, a viagem foi cansativa, vou dormir. Amanhã, falamos.
Aras Bom Jesus, 31 de dezembro de 2010
Os empregados estão trabalhando a toda. Essa noite terá uma festa em comemoração a virada do ano. Meu pai, disse a todos que os queriam aqui na confraternização. Um meio de nossa virada de ano, não ser como nosso Natal.
É, meu pai está aqui, chegou essa manhã. Meu coração disparou quando o vi. Senti tanta saudade de meu pai, esses dias. Em São Paulo, não havia um dia que não dormisse em casa. Foi aí que, algo aconteceu.
Ele chegou, estava na porta, baixou as malas. Seu porte alto provocou uma certa demora até se erguer de novo. Estava com aquele sorriso, “sou maduro, mas sou criança”, no rosto. Cara de pai que brinca com a filha e está com saudades dela. Foi que o vi e corri para abraçá-lo. Mas o celular dele foi mais rápido do que eu. Era o chefe dele. Não podia não atender.
Eu já ia tocá-lo quando senti a mãos dele me parando e ele dizendo: “espere só um estante, querida, negócios. O sorriso desapareceu do rosto e o ar de mega-empresário o dominou novamente.
Meu espanto fez com que o sorriso desaparecesse de meu roto também e toda a saudade em meu coração foi imobilizada por um sentimento frio, uma espécie de medo com tristeza. Um sentimento de desprezo. Senti-me rejeitada por meu pai. De repente me dar um abraço depois de dias sem me ver, não era mais importante que atender seu chefe de quem havia acabado de se despedir.
Não culpo meu pai pelo fato. Ele cuida da gente. Acho mesmo que todo esse sentimento foi nada mais que o acumulo de solidão dos últimos dias, culminando com um toque de “se afaste! Você tem uma doença contagiosa!”. Foi isso que senti quando meu pai me impediu de abraçá-lo, como se eu tivesse uma doença contagiosa.
Enquanto ficava ali, sem ação na frente de meu pai que falava ao telefone com o chefe dele. Podia ouvir a entrada e saída de pessoas dentro da casa, levando coisas, trazendo coisas. Barulho de liquidificador na cozinha. As cozinheiras falando sobre o ponto do molho. Rebeca rindo da discordância delas. Seu Antônio lavando o carro lá fora. Minha mãe descendo as escadas para falar com papai e dentro da minha cabeça uma dormência, é como se tudo isso estivesse acontecendo ao meu redor e eu mesma não estivesse ali. Aquela dor em minha alma e o bloqueio na mente tal que meu pai já havia me chamando algumas vezes e eu ainda não havia conseguido responder. Era como se o tempo ao meu redor passasse em “slowmotion” e o tempo dentro de mim estivesse totalmente parado.
Até que finalmente acordei e ouvi meu pai dizendo: “Stella! Stella! Querida, não vai dar um abraço no papai?”
Foi tal meu momento de anestesia que quando voltei a terra mamãe já o estava abraçando.
“Stella, não vai dar um abraço no seu pai?!”, mamãe disse. Ao que meio sem jeito com as palavras, respondi: “sim, sim, claro!”. E o abracei. Mas sentindo que as coisas já não eram iguais a antigamente. Que algo mudou e eu não teria mesmo controle sobre aquilo.
Aras Bom Jesus, 22:46.
Estamos na varanda. Há uma fogueira, há violões, uma mesa de madeira enorme para comermos, eu me vendo obrigada a sentar a mesa com a criadagem…
Se as meninas estivessem aqui, iam dizer que eu estou louca. Invenção do papai, é claro, mas a verdade é que isso é o mais próximo de uma vibe que irei ter nessa virada de ano. É melhor isso do que nosso natal parecido com um enterro. Lá em cima, papai nos falou sobre a crença de nossos empregados e que pediram que fizessem orações.
A observância de papai era que ele autorizou, em respeito, e pediu a mim e a mamãe que também respeitassem. Lembrou que eram funcionários da empresa e não dele, que ele era apenas um representante e que o verdadeiro presidente da empresa era um homem que tinha muitas estima por todos eles, principalmente pela família de seu Antônio.
Além de que, nossa estadia e conforto dependiam diretamente deles e como haviam nos recebido e nos tratado muito bem, não faríamos nem objeção, nem desrespeito com suas crenças e ritos. Papai, com um olhar discreto a mim, disse que devíamos tratar a todos com o máximo de carinho e respeito com os quais todos eles tem nos tratado.
Olhei para papai e perguntei: “por que o sr. está me olhando? Por Acaso fiz algo errado?”
“Se você fez algo errado minha querida eu não sei. Estou lhe advertindo por que a conheço e sei que às vezes você precisa de freios! Trate a todos bem, isso foi uma ordenança principalmente de meu chefe, isso inclui a moça, a filha de seu Antônio.”
“Mas papai, eu não fiz nada!”
“Não estou dizendo que você fez, querida, estou dizendo apenas para não vir a fazer.”
Hunf! Preciso dizer que quis a cabeça da empregadinha em um prato? Claro que não preciso, não é querido diário? Você já deve entender que a amo de paixão, e a acho uma pessoa maravilhosa. Arg! Se não acho, pelo menos agora vou ter que fingir que acho. O emprego do meu pai depende disso.
Estão me chamando, vou indo mais tarde ou amanhã conto como foi a festa.
Bom Jesus, 1 de janeiro.
Feliz ano novo. São minhas primeiras palavras desse ano em você, diário.
A festa eu não sei que horas terminou. Foram mesmo até muito tarde com as rodas de violão. Músicas sobre Deus e Jesus. Meus pais estavam gostando pelo visto. Quando deu 1 da manhã eu, já com muito sono, me retirei.
Quando a festa começou. As comidas já todas arrumadas em cima da mesa. O filho de seu Antônio, o Pedro, sentado ao meu lado, me olhou e me lançou um sorriso. Ao que eu, orientada por meu pai a ser carinhosa retribui com um de leve. Acho que não saiu direito esse sorriso até por que tive que forçá-lo.
Pra minha surpresa, minha mãe era conhecedora de muitas das músicas religiosas que ouvi na festa. Em dado momento houve uma parada e seu Antônio se levantou, ainda não havíamos começado a comer.
“Boa noite a todos. A Paz, irmãos que aqui estão!
Essa noite é uma noite de grande alegria para nós, por que é o fim de um ciclo e estamos próximos ao começo de outro ciclo, e se estamos aqui, hoje, em vida, é um motivo de alegria a todos e um excelente motivo para agradecermos a Deus por todas as conquistas e vitórias desse ano. Por nos permitir passarmos mais esse ano com nossa família e amigos.
Essa noite temos aqui, três novos amigos a qual o seu Bernardo (chefe do papai), me recomendou que fossem bem cuidados e fossem recebidos como a ele mesmo. Então, essa noite, além de nos confraternizarmos e nos alegrarmos com a entrada de um novo ano, nos alegramos em prol da vida de seu Fernando, d. Stefania e sua filha Stella. Gostaríamos de dizê-los que estamos felizes que estejam aqui conosco e será sempre uma honra servi-los.
É para nós também, um motivo de muita alegria que participem dessa nossa comemoração em adoração ao Nosso Deus. Festa da qual seu Bernardo participava sempre que podia com sua esposa. Como o sr. Fernando o representa será como recebê-lo aqui conosco, ele que tem sido tão bom para nós.
Agora, todos nós aqui reunidos, essas três famílias que são amigas da minha e mais a família de seu Fernando, oremos ao Nosso Deus e Criador, para agradecê-lo. Agradecê-lo pela saúde e estarmos aqui prosseguindo a mais um ano. Agradecê-lo pelo alimento e tão boa comida, pelas mãos que as fizeram. Agradecer pelas vitórias, e até pelas perdas, principalmente. Agradecer pelo conforto e o consolo que ele nos dá em meio as perdas. Agradecer por sua morte na cruz e salvação e pela sua misericórdia que nos acompanha todos os dias, sem as quais já teríamos morrido há tempos, e ela, é que nos faz seguirmos rumo a Cristo, ainda que sejamos seres falhos, agradecer pela graça que nos renova e nos molda a cada dia, até alcançarmos a estatura de varões perfeitos.
Agradecermos pela vida dos senhores sr. Fernando, D. Stefania e senhorita Stella, por compartilharem esse momento precioso conosco, cremos que o Nosso Senhor Jesus Cristo os abençoará grandemente e lhes trará luz, para as suas vidas ainda este ano de 2011. Oremos ao Senhor Nosso Deus.”
Oraram. Uau! Foram belas palavras. Admirável a oratória de seu Antônio. Nem parecia ser meu motorista. Leram a Bíblia, acho que aquilo era o que chamam de culto, missa. Não sei. E voltaram a cantar e mamãe com eles. De fato uma liturgia muito bela. Pena que tão ineficaz, até por que, a pessoa a quem o dedicaram não existe.
Algo estranho aconteceu comigo nessa noite. Quando me sentei para a festa e o Pedro sentou ao meu lado e sorriu, estava triste. As canções foram me acalmando, e foi me dando um sono, não agüentei tanto tempo assim e fui dormir. Estava com tanto sono essa noite, que dormir como jamais dormi antes em toda a minha vida. Ouvir músicas calmas devem fazer isso. Vou ouvir músicas tranqüilas como as que foram cantadas na festa mais vezes. Embora antes de dormir, enquanto ainda estava me arrumando para me deitar, ouvi musicas mais alegres, mesmo assim, a barulheira não me impediu de pegar no sono. Parece que fui anestesiada, minha dor, foi embora.
2 de janeiro de 2011.
É domingo. A criadagem está de folga. Foram todos a cidade, para a igreja. Ficamos mamãe, papai e eu. Vamos assistir um filme e comer pipocas. No campo, não há muito o que fazer se você é da cidade.
*
*
Uma coisa que fiquei curiosa esses dias, foi sobre a cantoria da virada de ano e a minha mãe. Ela conhecia quase todas as músicas. Papai adormeceu no sofá e nós duas começamos a conversar. E Mamãe me contou uma história:
“Sei do descrédito de seu pai a religião. Mas, quando eu era pequena sua avó, sempre me levava a igreja.”
“Papai diz que só ignorantes vão a igreja…”
“Sei o que seu pai diz. Mas a verdade é que, as coisas não são bem assim.
“Sei o que seu pai diz. Mas a verdade é que, as coisas não são bem assim.
Sua avó não era nenhuma ignorante. Era uma mulher culta e vivida. Jamais seria dobrada em que contos de caroncha ou fábulas ilusórias sem sentido. Sua avó também não era nenhuma necessitada, nossa família sempre foi de posses. Não havia como dizer que foi a necessidade que a levou a procurar religião. Ela um dia descobriu algo que a saciava e jamais quis perder novamente.
Sabe uma coisa interessante. Antes deu engravidar ela me contou que estava orando. Perguntei pelo que e ela disse: oro a Deus que seja uma menina. Convicta da fé de minha mãe disse a ela que Deus não faz acepção de pessoas. Ela respondeu: não faz e se vier um menino será amado e bem vindo. Mas, queria ver nascer uma menina. Perguntei por que e ela respondeu: seria tão bom, mas tão bom ver você pequenina novamente.”
“E ela conseguiu?”. Perguntei sorrindo.
“Sim conseguiu. Quando você nasceu ela chorou por que disse que não havia um centímetro em você que não se parecesse comigo quando era bebê. Antes dela falecer, te abençoou e disse: essa estrela brilhará com a luz de Jesus.”
Minha mãe chorou. Nossa! Não sabia de nada disso. Eu lembro pouco de minha avó. Tinha quatro anos quando ela faleceu. Sei que mamãe sofreu muito. O que mamãe me contou foi que após a morte de vovó continuou indo a igreja esporadicamente, mas o tempo foi passando e, foi indo cada vez menos, até que deixou de uma vez por todas.
Esse tipo de momento, mamãe e eu podem parecer normais e contínuos. Mas a verdade é que, eu nunca soube dessa história, sobre meu nascimento e minha avó, por que mamãe e eu quase não conversamos. Os domingos, não eram assim em São Paulo, quando não era eu na casa de alguma amiga, fazendo coisas ilícitas à minha idade, era minha mãe na casa de alguma amiga, socialite dela. Nós sempre íamos juntas ás compras, sabemos mesmo debater sobre moda e o que está em voga na estação. Mas eu acho mesmo que nunca tive uma conversa aberta com minha mãe. E acho que nunca teria se não tivesse, de alguma forma, vindo parar aqui.
É estranho dizer isso. Mas é como se… minha partida de São Paulo pra cá tivesse um sentido e um por que. Eu jamais havia tido amor, em minha vida. Pela primeira vez eu me senti amada. Amiga da minha mãe. Nunca considerei minha mãe, minha amiga. Jamais teríamos um momento assim em São Paulo. Foi muito legal.
3 de janeiro de 2011
Acordei cedo. A Rebeca veio me trazer o café da manhã. Dei bom dia a ela. Atendendo a vontade de meu pai.
Bom, estou em um aras, o que se tem de bom pra fazer aqui é andar de cavalo. Ontem os empregados estavam de folga, mas hoje não estão. Quis andar a cavalo desde que cheguei aqui. Com um detalhe apenas: eu nunca andei a cavalo.
Foi o irmão de Rebeca, o Pedro que selou pra mim. Ele é quem cuida dos cavalos.
“Bom dia, senhorita, Stella!”
“Bom dia… Pedro, não é?”
“É sim, senhorita.”
“Eu gostaria de andar a cavalo, o problema é que nunca andei em um!”.
“Se a senhorita quiser, posso lhe dar aulas!”
“Eu posso ter aulas?!”
“Sim, se a senhorita quiser, terá sim!”
“Legal! Posso começar agora mesmo?!”
“É claro que pode começar!”.
Tive a leve impressão de Pedro ter sorrido. Como se não acreditasse que eu estava feliz e louca pra ter aulas de montaria. Eu estava. Senti-me feliz naquele momento, foi algo novo que vivi.
Fui na “garupa”, não podia montar sozinha. Pedro foi comigo, mas eu amei. Gostei mesmo disso. Amanhã vou acordar super cedo pra segunda aula de montaria. Nossa foi demais! Vou jantar.
*
*
A conversa que nós tivemos outro dia, mamãe e eu foi tão legal, que após o jantar deitei no colo dela. Queria mesmo ouvir mais histórias sobre vovó, mas ela não parou de falar no celular com a Glória. Aconteceu alguma coisa em uma festa com a Narcisa, parece que foi o vexame do século e mamãe parecia exultante com cada coisa que a Glória dizia. Ela ficava mexendo no meu cabelo como faz com o Cryspin, no automático. Vai ver ela nem sabia que era eu ali, talvez pensasse que era o Cryspin.
Lembra que eu disse que estava feliz? Pois é, não estou mais. Estou com aquela coisa horrível dentro da alma de novo. Só um momento, ouvi uma coisa.
*
*
Dá pra ver o pátio do primeiro andar, aqui de cima. Qual não foi minha surpresa, vi a empregada e um garoto, enquanto ela segurava um buquê de flores bem pobrinhas na mão. Devem ser mesmo muito amigos. Namorado não era. Não vi beijo, nem nada. Ela estava feliz, como sempre. É como se quisesse deixar claro que não importa o que eu tivesse ela sempre será mais feliz do que eu.
Internet, depois cama.
4 de janeiro de 2011
Acordei tão cedo hoje que tomei o café na cozinha, bem mais cedo do que ontem. Como sempre a empregadinha cantava e como sempre, mandei ela calar a boca. Pedro estava encostado no armário comendo uma maçã.
“Pronta para cavalgar, senhorita?”
Sorri, de leve e fiz menção com a cabeça que sim. Sinceramente não gosto de que empregados tenham muita intimidade comigo, mas ele está me dando aulas de montaria e papai falou pra ser carinhosa com todos, como tem sido conosco. Se não consigo mesmo ser carinhosa, tenho que ser pelo menos simpática.
Com o nó na garganta e as lembranças de recomendações do papai, fui mais além do que simplesmente balançar a cabeça.
“Sim, Pedro, estou pronta!”.
Rebeca me olhava.
É incrível a falta de noção de que as pessoas têm, quando olham pra você. O fato de não estar olhando diretamente para elas, não significa que não esteja percebendo que elas estão te olhando. Halooww! Sou mulher! Alguém avisa a esse povo que sou capaz de perceber o que acontece ao meu redor em 180 graus do meu campo de visão?!
E Rebeca continuava me olhando. Foi então que olhei pra ela. Sem dizer uma só palavra, virou-se para a pia e continuou trabalhando. Odeio pessoas que falam com os olhos, nunca as entendo. Pedro ria sinicamente, olhando direto pra mim e balançava a cabeça enquanto comia a maçã, como quem diz: “Tsc! Tsc! Pobre menina rica!”.
É impressão minha, ou estou sendo ridicularizada pela minha própria criadagem?
Mudando de assunto: tive aulas e andei novamente na garupa do Pedro.
Sensação de Liberdade. Amo issoooo…
Quando voltamos para os estábulos vi algo que jamais vi em toda a minha vida. Tinha um garoto lá.
Não, não era o Pedro. Era outro garoto.
A imagem da perfeição. Esculpido pelos deuses.
Já vi muitos homens belos, mas jamais havia visto alguém tão belo em toda a minha vida. O ser que deixa Brad no chinelo. Daniel Hadcliff vira criança de creche, Pattinson torna-se ninguém mais, ninguém menos do que simplesmente filho do Zé do caixão, na versão que brilha no escuro e o Gustavo… bem… nem precisa dizer, né? Coitado…
Fiquei tão sem reação diante de tal beleza que acho que sai do meu corpo. Pedro já devia estar me chamando a mais tempo quando voltei pra terra. Acho que ele disse alguma coisa como descer do Máximus. Devia ser isso, por que a verdade toda é que não vi Pedro descer do cavalo. Quando dei por mim, ela já estava no chão dizendo:
“Senhorita Stella, desça do Maximus! Está com medo? Por um acaso?!”.
Gaguejei um pouco, até que finalmente consegui dizer algumas palavras.
“Sim, sim, estou, é… não sei como faço!”
“E a senhorita já esqueceu? Não acredito que vou ter que ensinar tudo de novo”.
Não havia esquecido. Só não conseguia pensar, tamanho o êxtase da momento que me pareceu eterno.
“Gabriel!”
Gabriel? Então esse é o nome do ser transcedente? Nome de anjooo! Parecia mesmo um…
“Pedro, meu amigo! Estava mesmo procurando você!”
“Quando você chegou?!”
“Ontem à noite!”
Enquanto conversavam, eu ia descendo cavalo.
“Gabriel, quero te apresentar, a senhorita Stella, filha do novo Presidente da empresa.”
“Ah! Olá, senhorita! Ouvi falar muito de você!”
“Ouviu falar de mim.. bem ou mal?!”
Se entreolharam. Detesto quando isso acontece! Estendi a mão e o cumprimentei.
A essa alturas eu não estava muito em mim, então não sabia bem o que dizer. Pela primeira vez alguém me deixou sem ação. E o mais estúpido de tudo: ele é meu empregaaadoooo?! Eu estou caidinha pelo meu empregado?! Halloww, dois neurônios, você estão aí? Qual o problema com vocês? Será que comeram alguma coisa que os fez mal?! Estão mesmo achando que Stella de Albuquerque Carvalho de Moraes ficará xonadinha pelo seu empregado?
Ownnn, o empregado mais lindo que já vi em toda a minha existênciaaa! Será que ele topa ser meu primeiro? Vou sonhar essa noite com ele. Tico? Teeeco? Eu sei, eu sei, não se preocupem, também gostei muitíssimo da idéia. Ele é perfeito!
Capitulo 3: Indomáveis e Solitarios
7 de janeiro de 2011.
Tem algumas horas que jantei. Ainda pouco ouvi uma música muito bela vindo da casa do seu Antonio. Acho quês estão festejando alguma coisa lá. Todos estão cantando.
Mamãe está no quarto com pepinos nos olhos. E papai me ligou ontem.
*
*
São exatamente 22 horas. E já não agüentando de curiosidade me vi impelida a ir na casa de seu Antônio saber o que eles fazem lá. Cheguei ainda pouco de lá. É claro que fiquei do lado de fora, eles não me viram.
Ouvi o que acontecia. Cantam umas músicas tão belas quanto aquelas que minha mãe cantou junto com eles, na vira do ano. Um dado momento eles pararam e ficaram falando, não entre eles, mas com “Deus”. Pela fresta da porta pude ver Pedro, e pude ver também Rebeca que estava de olhos fechados. Pedro estava de olhos abertos, não parecia muito concentrado no que faziam lá. Havia alguém do lado de Rebeca, mas não vi direito. Acho que é o garoto que vi outro dia aos abraços com ela.
Acho legal a forma como seu Antônio se expressa. Ele fala coisas de fato muito belas, sobre Deus. É quase como se fosse real. Dá a impressão que é tão real que você chega até a percebê-lo com alguém bem próximo. É assim que vejo, seu Antonio como alguém bem próximo de Deus. Se ele existisse seria mesmo o máximo. Às vezes as coisas que ele fala faz parecer como se eles pudessem ver, ouvir, alguém de fato. É surreal, mas eu acho muito bela a religião de seu Antonio, ainda mais sabendo que minha avó foi adepta. E minha avó foi alguém muito admirada, então, é possível que ela tenha aprendido muito nisso, nessa fé que ela professava.
Mas eu não tenho religião nenhuma, acho que devem ser mesmos rituais muito belos dotados de um grau de cultura interessantes, mas não, eu não nasci pra essas coisas, embora eu ache a música super legal. Sou mais impelida pela curiosidade de saber o que a minha avó viveu do que pela vontade de viver isso.
Fiquei olhando pela fresta. Até que eles terminaram, e eu obvio tinha que sair antes deles terminarem, pra não me verem ali, né?
Vou dormir, bisbilhotar o culto dos outros é cansativo. Amanhã quero andar a cavalo e ver se o anjo Gabriel, amigo do Pedro, vai aparecer de novo. Torcendo pra isso. Ele de fato me deixou fora de mim.
8 de janeiro de 2011.
Tive mais aulas de montaria, dessa vez montei só, obviamente com Pedro puxando o Máximus. Andavamos devagar indo em direção a cerca do campinho. E olha quem estava lá: justamente ele, meu Principe, o Gabriel. Ele estava encostado do lado de fora da cerca olhando para o dentro do campo.
O sol das oito horas batia nos olhos castanhos dele e os iluminavam. Um leve sorriso saia de seus lábios, enquanto estarrecido, observava outro cavalo que não era o Máximus.
“Bom dia, amigo!”, disse Pedro.
Gabriel não respondeu, parecia mais preocupado em admirar o cavalo do que querer responder, embora soubesse que estávamos ali, e fizesse menção de que fosse responder algo, nada saía.
Era como se quisesse responder e ao mesmo tempo estivesse preocupado em perder algum momento inusitado do animal.
Quando finalmente decidi não admirar a beleza de Gabriel, foi que percebi o porquê de tamanha admiração. Tratava-se de um cavalo preto, mas um preto aveludado, como se o cavalo inteiro fosse coberto de camurça. O pelo dele brilhava e ele corria por dentro do campinho solto em meio a relinchos e paradas bruscas para mudar de rota, com barulho das patas dando no chão, ao longo de um despojar de elegância sem palavras para definir.
A essas alturas Pedro continuava falando, mas ninguém o atendia. Foi quando sua tagarelice deu lugar ao mesmo silencio de Gabriel. O animal exibia uma imponência sem tamanho, que me fez entender novamente por que eu era tão encantada por cavalos. São elegantes e imponentes e isso me chama mais atenção neles.
Foi que olhei pra Pedro, já sentindo falta de suas tantas palavras estabanadas sem freio. E o vi, entristecido. O silencio medonho dos dois me corroia por dentro e eu me dividia entre o fascínio pela beleza do cavalo, e a agonia de não saber o que o olhar triste de Pedro significava.
Não sei quantos segundos durou aquilo, pareceu uma vida inteira. Até que, não agüentando mais, disse duas palavras:
“belo cavalo!”
Meu “belo cavalo” saiu mais ou menos com uma entonação de “que belos olhos você tem!”, mas surtiu efeito, por que um dos dois pelo menos resolveu acordar da inércia e interagir comigo.
“Éfesios!”.
“Hã?!”, não havia reconhecido a voz de Pedro.
“O nome dele é Éfesios!”, foi que percebi que não havia sido Pedro que tinha falado, mas sim Gabriel. Então pensei: “Uauuu! Ele também sabe falar, maravilha! Além de lindo, é da terra!”.
“Era o cavalo favorito de d. Marilene!”.
Hã? Oh, meu, sou nova aqui, queira explicar, vocês falam por códigos?!
“Quem é d. Marilene?”, perguntei.
A resposta demorou um pouco.
Mais silêncio.
Até que finalmente ouvi:
“Minha mãe!”, era Pedro, falando como se tivesse um grilo atracado em sua garganta.
Até que conclui: o cavalo fascina Gabriel e fascinava d. Marilene, e, embora o cavalo fascine a Pedro também, ele traz a Pedro a lembrança de sua mãe falecida. Uffa! Sou um gênio. Descobri tudo isso sozinha, acredita diário?
“Efésios nunca mais foi montado!”, disse Gabriel e prosseguiu, “ só uma pessoa montava nesse cavalo, ela era a única que ele se permitia montar.
“Essa pessoa era minha mãe! Ela amava esse cavalo e ele amava a minha mãe também. Ele não é muito sociável então para o seu bem, senhorita Stella, não chegue perto dele”.
“Senhorita Stella, Efésios estranha pessoas que não conhece e ele pode ser violento as vezes. Eu e Pedro o alimentamos e o guardamos, de vez em quando damos banho, tudo com muito cuidado. Até por que, mesmo ele nos conhecendo jamais nos permitiu montar nele, é por isso que fica afastado dos outros cavalos”.
“Desde que mamãe morreu, está só. Mamãe era sua única amiga!”.
9 de janeiro de 2011.
Rebeca, seu irmão e Gabriel estão na varanda, vi daqui de cima. Conversam muito e sorriem. Senti vontade de descer. Ontem, a conversa sobre Efésios foi algo bom, embora se tratasse de um assunto triste. Senti como se fizesse parte de um lugar. Foi estranho. De repente eu não era eu. Era só alguém conhecendo a historias de outros “alguéins”. Queria descer. São as únicas pessoas com a minha idade aproximadamente em um raio de 100 metros. Mas, a Rebeca está lá. E, creio que ela não iria gostar que eu invadisse a área dela, bem eu não ia gostar que ela invadisse a minha. Estão batendo na porta.
*
*
Mamãe veio aqui não tem trinta minutos. Me avisar de que vai lá na varanda com eles e me deu um presente. Pelo pacote é outro diário. Bom, mas enquanto eu tiver você, não preciso olhar o outro.
*
*
Diário, to chocada.
Você nem sabe. Meu mundo desabou.
Eu resolvi descer pra conversa na varanda e antes mesmo que me aproximassem pra sentar ou qualquer um deles me visse, ouvi uma conversa e estou chocada. Acabei de descobrir: rebeca e Gabriel são noivos! NOIVOS! Tipo, como? Como aquele homem lindo, tá namorando uma mocoronga daquela? Espere ai, quantos anos ela tem, pra ser noiva de alguém? Isso ainda existe? Que coisa mais fora de moda é essa de noivado?
Impossível! Isso não pode ser verdade, é a coisa mais estúpida que já vi em minha vida. Um Príncipe, namora com aquela sem graça da minha empregada? EU NÃO ACREDITOOO! É claro que não deu tempo de me sentar com eles, né! Ainda estava atrás da cortina da porta e tive que voltar pelo mesmo caminho e vir escrever toda a minha revolta.
Daqui de cima posso ouvir as gargalhadas de minha mãe, ela gosta mesmo dessa gente. Por que eu estou assim? Ele é meu empregado, nem somos do mesmo nível! Que tipo de coisas poderia me ensinar, e ainda mais, se eu voltasse pra São Paulo e o levasse comigo, acho que me faria passar vergonha diante de todos os meus amigos…
Amigos? Ei!
Eu não tenho mais amigos em São Paulo. O que está acontecendo comigo? De repente estou de novo ficando com duvidas e eu já estava ficando bem de repente… Quem é essa garota? Quem é essa Rebeca? O que ela tem que eu não tenho pra ter um ser humano exuberante desse ao seu lado?
Que angustia! Quero chorar.
10 de janeiro de 2011.
Abri o presente de minha mãe. Era uma Bíblia.
Pra que ela me deu isso? Eu não vou ler esse troço.
Fui ter aulas de montaria com Pedro e já andei só, sem que ele me segurasse. E o Pedro me disse uma coisa que me deixou intrigada.
O Pedro me falou que Rebeca e Gabriel, cortejam. Não entendi muito o que era. Dai perguntei e ele me explicou. Parece que é quando os casais decidem que só darão o primeiro beijo no altar. Se conhecem sem se tocar, sem muitos toques físicos, e o Pedro me explicou que era como um voto a Deus e deixar que ELE cuide do matrimonio e então o casal espera e tudo mais. Dá pra acreditar nisso? Eles não beijam na boca. Perguntei se era assim na igreja dele, do Pedro no caso, ele disse que não é uma regra, é uma escolha. Você decide se quer ou não. Ele também me disse que ele não se importaria de beijar, por exemplo, ainda mais se a garota fosse bela como eu. Sorri, pra não ser mal educada, mas pareceu mesmo que aquilo foi uma indireta, direta pra mim.
Como duas pessoas vão se conhecer sem se tocar? Que gente doida é essa?
Se bem que, isso pode ser muito bom pra mim. Por que eu duvido que Gabriel resistisse a uma garota que lhe pedisse um beijo. Ainda mais uma moça bela, como disse Pedro, como eu.
*
*
Cantoria na casa de seu Antonio. Fui bisbilhotar.
*
Aconteceu uma tragédia!
Eu estava lá olhando pela fresta da porta quando sem querer meti o pé em um buraco e caí. É, isso foi quase ao fim do culto e se não levantasse logo iam me ver ali. O problema foi que meu pé ficou preso. Sinceramente ainda estou me perguntando de onde saiu, mas senti algo pegar em meu pé e puxar para fora do buraco e eu até então na havia visto ninguém. Olhei de um lado e olhei do outro, só que minha cabeça não alcançou o panorama inteiro, até que escutei:
“Por que você não entra para assistir ao culto da próxima vez? Em ao vez de ficar sempre aqui do lado de fora?!”.
Advinha quem era?
Rebeca.
Ela tirou meu pé do buraco e falou algo que depois cai em mim. Percebi que minhas idas na calada da noite as escondidas, não tinham sido assim tão desapercebidas. Esse detalhe só ficou claro pra mim, por que ela disse “sempre”. O que significa que vim outras vezes e ela sabia. Que droga!
Não sei nem por que no momento me enchi de raiva dela e só depois acordei que ela havia tirado meu pé do buraco e me convidado para entrar. Que tosca que eu sou! Ela foi super legal comigo. Não estava em horário de trabalho então se quisesse poderia mesmo deixar meu pé preso lá. E eu nem ia vê-la. Mas não, ela me ajudou?
“Venha senhorita Stella, vou deixá-la na sua casa. Está um pouco tarde pra senhorita ficar andando por ai por esses matos sozinha, tem muitos animais que a senhorita não ia gostar mesmo de encontrar, ainda mais no escuro!”.
Ela pegou a lanterna. E veio comigo. Fiquei calada, não disse nada. Ela não tinha que fazer aquilo, ela não tinha mesmo, nem eu merecia que fizesse, minutos antes eu havia pensado em beijar o noivo dela, se ela soubesse, ficaria enfurecida, eu ficaria pelo menos.
“Vamos senhorita Stella, que tenho aqui comigo a Luz, e é meu dever guiá-la ao caminho da sua verdadeira casa!”.
Hã? As vezes parece que ela fala em metáforas. Não entendo algumas coisas que ela diz. Ela me deixou lá e eu agradeci. Ela virou pra mim e falou: “tenha bons sonhos senhorita Stella, em nome de Jesus!”.
Subi correndo. Me sentindo estranha. Não estranha como me senti a vida toda, mas uma nova estranha. Dormi, muito bem por sinal. Aconteceu alguma coisa diferente nesse lugar.
Quem são essas pessoas, sinceramente, não sei, nem consigo entender. De onde eu vim, ela devolveria de uma maneira bem estúpida todas as minhas atitudes, mas ainda acho que ela não é todo esse poço de bondade que ela aparenta ser.
Ou talvez até seja, eu é que estou acostumada a ver outras coisas, outras pessoas. Minhas amigas em São Paulo, não tirariam o pé de ninguém do buraco. Pelo contrário, eu sempre as via colocarem o pé pra que outros caíssem. Rebeca também é diferente delas no sentido do seu relacionamento estranho. Minhas amigas todas iriam pra cama no primeiro fica com o garoto e ela ainda nem beijou. Parece inacreditável. Acontece que de fato não vi mesmo nenhum beijo entre os dois, motivo pelo qual pensei mesmo que Gabriel fosse solteiro. E, bem, se fosse ela que tivesse me dito realmente, ia achar que era balela, mas foi o irmão dela e não acho que ele esteja brincando com relação a isso.
Esse lugar tem alguma coisa. Tudo por aqui é novo. Novo de mais, estranho demais. E ao mesmo tempo… bem, faz muito tempo que não tenho noites de paz e de sonos agradáveis. A atmosfera aqui toda reflete algo bom e me faz sentir bem. Queria entender o que é isso tudo aqui? Será que mágica existe?
11 de janeiro de 2011.
Cheguei a pouco do campinho. Estava lá, observando Efésius. Lembrando de tudo o que me disseram sobre aquele cavalo. Ele é tão lindo. E ao mesmo tempo tão só. Ele não tem mais a amiga dele. As pessoas não se aproximam por que têm medo. Ele é imprevisível.
Fiquei olhando pra ele e tentando entender por que a mãe de Pedro era a única que o montava. Será que ela era a única que o compreendia? Será que era a única que o amava?
De repente comecei a pensar em mim. Na minha solidão e no por que disso tudo. Talvez eu e Efésius sejamos iguais. Ele não tem mais sua melhor amiga. E não tenho mais minhas amigas. Meu pai vejo menos do que antes e minha mãe passa mais tempo trancada naquele quarto do que comigo. Quando sai, vai conversar com nossos empregados e…
Efésius é indomável, talvez eu fosse assim…
Nós dois somos sós no mundo, não existe ninguém no mundo que possa compreendê-lo, nem a mim. As pessoas têm medo dele, e também devem ter de mim. Queria que minha avó estivesse viva. Talvez ela me amasse… Será que existe alguém que entenda a minha mente? De fato, da maneira que ela realmente é? Estão batendo na porta.
*
*
Era Rebeca.
Veio deixar minha roupa passada. Entrou calada e ia sair calada. Mas antes que ela saísse disse:
“Sua fé em Deus é tão forte e ao mesmo tempo tão tola…”
Ela parou na porta e voltou, dando um leve um sorriso.
“Minha fé não é tola, senhorita Stella. É a única coisa que faz mesmo sentido”.
“Seu Deus, não é real! É uma criação da sua mente! Não tem lógica!”.
“Deus não é ilógico, ELE é a Única realidade, nós é que fomos inventadas!”.
Eu ri, foi sarcástico admito, mas não conseguia ter outra reação diante da certeza que Rebeca tem de algo que não vê.
“Então seu Deus, existe?”
“Sim!”.
“Você o vê?”.
“Não preciso vê-lo para reconhecer que é impossível que existam as coisas que presenciamos sem que ELE trouxesse à existência, (Romanos 1,20). Mesmo que não, nunca fosse Cristã, sentiria que algo falta, e que não há possibilidade de existir sol, céu, sem um Deus para criá-los. Os animais, as pessoas…
Dizem que foi o Big-Bang. O engraçado de tudo é… Se uma nós explodiu deixando tudo em seu devido lugar… Quem fez explodir? E que milagre maravilhoso, uma explosão fazer o mundo ser habitável a nós humanos, não acha? Dizem que nós viemos dos macacos, mas ainda que fosse verdade, de onde os macacos vieram? Não importa quantas teorias existam. Nenhuma delas seria possível sem a existência de um Deus real e verdadeiro como ELE, o Criador do Universo.
Ah! Esqueci. Falei muito. Perdoe-me, senhorita Stella. Sei que a incomodo. Eu vou indo.
E ela se virou para ir embora.
“Ainda não!”
Então você acredita mesmo, não é?
“Eu já saí da parte do simples acreditar. Agora eu sei.”
“Sabe?”
“É preciso acreditar para chegar a Deus. Mas após acreditarmos, ELE se chega a nós e então vivenciamos a certeza de que ELE existe. Eu não acredito que Deus exista, eu sei que Deus existe, e são duas situações extremamente diferentes.”
“Ah! Sim?”
“Sim.”
“Então se ELE existe, por que deixou sua mãe morrer?”.
“Minha mãe não está morta!”, ela disse isso e sorriu, “você está morta! Você sente que algo está errado. Quanto mais falo, mais algo dentro da senhorita a incomoda. Isso é seu espírito querendo respirar. Se seu espírito não movesse dentro de você pedindo, insistindo para ouvir desse Deus que a senhorita lamentavelmente, não crer, nós duas nem estaríamos tendo essa conversa”.
“Olha como ousa falar comigo, sua empregadinha, ridícula?!”.
“Minha mãe está mais viva do que nós duas, senhorita Stella! Por que ela já encontrou a vida eterna!
Ela não morreu. Apenas encontrou o caminho do lugar aonde ela realmente pertencia!”
“Você é louca!”.
“Sim, sou. E a senhorita, bem quis ouvir minha loucura. Agora se não quiser ouvir mais nada, peço a sua licença e me retiro.”
“Nããão saiaaa! Isso é uma ordem!”
“Entenda senhorita, quem somos nós para definirmos o que Deus faz ou tem que fazer? ELE é Deus e ELE quis levar minha mãe. Foi doloroso, sim, mas não tanto quanto seria se eu não tivesse Deus. As pessoas sem Deus também perdem seus entes queridos e a situação é muito pior, porque eu pelo menos tenho esperança e sei para onde ela foi, mas e os outros?
Quando perdemos alguém que amamos para Deus e temos Deus ao lado, a dor é tomada pelo Espírito de Deus. Ele sente a dor por mim e me faz passar por aquilo com um conforto sobrenatural que a sua incredulidade NELE, jamais irão compreender. A maior tristeza ao lado de Deus é mais feliz que a maior alegria sem Deus por perto. Saiba disso! Deus não me fez nenhum mal. Pelo contrário. Se a levou, estava livrando a minha mãe de algo muito ruim, e preferiu levá-la logo. Há um motivo. Sempre existe propósito.
Deus não joga dados, muito menos brinca de acaso. Com ele nada é aleatório e por isso é impossível que tenhamos surgido do nada absoluto. Agora se a senhorita me permite, ainda tenho muito trabalho a fazer. Só quero deixar claro que se a importunei com meu falatório, foi por que a senhorita mesmo me pediu. Posso sair?!”.
“Sim, vá!”.
Eu nunca ouvi nada disso.
Ainda estou tentando entender como ela sabe?! Enquanto ela falava havia algo dentro de mim… um reboliço na minha alma…
Como ela sabe que eu estava sentindo isso? É impossível! Impossível!
Capitulo 4: O castigo vem à cavalo
12 de janeiro de 2011.
Parabéns, pra capital de Belém do Pará, parece que é aniversário dela. Unf! Grandes coisa!
Antes de dormir ontem, pensei bastante sobre Rebeca e cheguei a conclusão que essa garota tem uma fé inabalável, pelo menos é o que parece. A verdade? Não acredito que ela seja isso tudo que diz. No lugar dela, eu teria me deixado andar pelo mato sozinha.
E justamente por eu não ser ela. Tive uma brilhante idéia.
Essa história de “não beijar até casar” é a pior das mentiras que já vi alguém contar. E tem mais... Nem sei pra que tanto sacrifício, mesmo que fosse verdade.
Outra coisa, só mesmo sendo maluca pra ter um cara lindo daquele e nem se quer ter pensando em… hummm, você sabe, diário.
Essa história dela se guardar pra ele e de ele se guardar pra ela, tornou a história até bem mais interessante do que eu imaginava. Qual a minha idéia?
Bem, já que eles “diz que não se tocam”, eu posso aproveitar e tirar umas lasquinhas dele. Ele é homem, eu sou belíssima, e a prometida dele sem graça pra caramba. Ao que pensei e tive a idéia sensacional.
Vou testá-lo!
Vamos ver se ele é esse posso mesmo de virtude que ele diz ser. E mais… vou dar um jeito de tirá-la do meu caminho. E finalmente concretizar o que não consegui antes de vir pra cá: ter a minha primeira vez.
Amanhã, Rebeca, me aguarde, se seu Deus existe mesmo, ele vai me impedir de te fazer mal. Se não, vou conseguir fazer o que quiser com você. Coitadinha, da Princesinha!
13 de janeiro de 2011.
Fui ao estábulo. E Gabriel estava lá. Dei bom dia e a questão é, queria muito dar um jeito de me aproximar dele, mas é bem verdade que não tenho muita experiência nesses assuntos a não ser pelo que via a Danda e a Tammy fazerem. Então, meio sem jeito, perguntei sobre ele e a Rebeca, quando tinham se conhecido e tudo mais. Disse que se conhecem desde criança e que as famílias eram amigas, que eles sempre moraram aqui e sempre trabalharam para o dono da empresa… Me explicou sobre o relacionamento deles e por que se relacionavam assim…
“Queremos mesmo fazer as coisas diferentes do que fazem no mundo!”. Foi que perguntei se ele nunca…
“Nunca!” Ele respondeu.
Fiquei calada. Não pudia mesmo entrar nesses assuntos assim tão rápido. A idéia é ganhar a amizade dele e a dela. A partir de hoje, mudarei meu jeito de tratá-la. Se você tem um concorrente, mantenha-o perto de você, é melhor. Fui andar de cavalo, como sempre… Foi muito bom. Bom são exatamente 11: 38 da manhã e estão me chamando pra almoçar!
*
*
Depois do almoço fui assistir TV. Teve um desastre no Rio de Janeiro. Quando fui a cozinha pegar água as empregadas estavam todas reunidas ao redor da TV se lamentando pelo ocorrido. Aff! Ainda bem que não estou mais lá. Não consigo ficar triste com essas coisa, a Rebeca estava lá na cozinha quase chorando. Vê se pode?
Vou anotar daqui a pouco em você, diário, traçar um plano infalível pra tirar a empregadinha abusada do meu caminho e ter minha primeira vez com Gabriel. Tudo estrategicamente planejado, vou precisar:
1) Me livrar do Pedro.
2) Me tornar mais amiga do Gabriel.
3) Me tornar amiga da songamonga
4) Humm.. fazer meu pai demiti-la.
5) Separando o dois entra o plano B:
1) O Gabriel fica só
2) Eu fico sendo muito sua amiga
3) Eu sendo sua única companhia posso partir pro ataque
4) Ele fica comigo
5) Ele continua ficando comigo
6) Depois do beijo… me entrego pra ele e continuo com ele
7) E com certeza a pobre coitada vai saber… sorry! Pobrezinha… Tenho uma pena…
*
*
Tá tendo cantoria na casa do seu Antônio. Vou indo. Bom, ela me convidou mesmo, então não vou estar sendo intrusa. Fui!
14 de janeiro de 2011. ::LUTO::
Eu recebi a pior noticia da minha vida. A Tammy minha the Best, estava no Rio de Janeiro…
Ela morreu!
A tia dela ligou pra minha mãe!
Que dor!
Que dor insurportável! Eu quero morrerrr. Quero morrer junto com a Tammy, nós duas quase nascemos juntas. Minha amiga, meu Deus! O que está acontecendo?
*
*
A Rebeca acabou de sair daqui, veio me trazer água com açúcar… Hã? O que é isso que eu estou sentindo??! Eu quero gritar… mas não sai, minha garganta tá doendo…
Ai! Que dor.. eu odeio essa vida podre! Odeio isso, por que ela tinha que morrer? Por que foi ela? Justo ela? Por que não foi a Danda aquela traidoraaa, ela merecia morrer! A Tammy não. Nããããoooo!
Por que ela é boa comigo? Por que essa tal de Rebeca é boa comigo? Eu não mereço. Minha cabeça tá rodando…
*
*
Eu não quero… eu não vou ficar aqui mais nem um segundo…
Oh! Não!
Lembrei! Eu lembrei! Eu não… o Deus dela… existe…
Será que é punição? Ele matou a Tammy… ELE não quer que eu faça mal a ela…
Nããããoooooooooo, isso é bobagemm! É coincidência….
Não… pode ser…
Vou sair,eu vou enlouquecer, sinto que vou enlouquecer….
Tammy, o que você foi fazer pra lá? Por quêêêê??
Eu não vou agüentar isso!! Agora que lembrei…
Ontem eu não estava dando a mínima importância pro que estava acontecendo lá. Mas agora… parece que sou tão parte disso… com de um pesadelo. Coitadas das pessoas que também perderam alguém que amam ali… eu sei o que vocês estão sentindo… não vou poder ir lá, não pude me despedir… minha irmããããa! Eu te aaaammoooooooo. Diário já sei o que vou fazer… Vou andar à cavalo…
Não! Não vou pegar o Máximus… vou pegar o outro cavalo…
O Efésius…
16 de janeiro.
Querido Dário de minha filha Stella.
Infelizmente ela não poderá escrever em você…
Ontem à noite, após a notícia que recebeu sobre sua amiga Tammy, ela saiu e nós todos que estavamos no escritório e alguns na cozinha, não a vimos sair. Estou profundamente triste, e sei que não devo mexer nas coisas dela, mas preciso escrever. Sentia falta do meu tempo, em que o diário era meu único amigo, e nele despejava toda a minha revolta do mundo em que vivo, como acredito que ela faça em você.
Isso temos em comum, eu também amo escrever. Fazia tanto tempo… e hoje, diante de tudo o que estou sentindo sem poder nem ao menos gritar, gostaria que você me emprestasse algumas de suas páginas.
Stella saiu sem que víssemos. E depois de algum tempo demos pela falta dela. A procuramos por toda a casa. Meu marido, seu Antônio, os meninos, a Rebeca… Todos ajudaram a procurá-la. Mas não a encontramos em casa e tivemos que rodar o aras pra saber se a encontrávamos. Foram algumas horas… Até que Pedro, vindo dos estábulos onde também a procurou, deu por falta de determinado cavalo.
Minha filha ainda não sabia montar, e ainda estava aprendendo nos cavalos mais mansinhos. Mas ela pegou um cavalo muito perigoso. Foi o que os meninos me disseram, que Efésios não se deixa ser montado por ninguém e que Stella sabia disso.
Mesmo assim ela o montou e saiu com ele pelo campo. Seu Antonio havia ouvido barulho de cavalo indo na direção norte. Pegamos a caminhonete e fomos todos para lá. Foram mais uma hora procurando…
Foi quando Rebeca avistou Efésios agitadíssimo, ficando em pé e dando altos relinchos. Stella caída ao chão, desmaiada e uma cobra esmagada ao lado, muito perto de minha filha. Fiquei desesperada, mas não havia nenhum sinal de mordida e foi o que me fez ficar mais aliviada. A primeira coisa que pensei quando a vi foi: “minha filha está morta!”. Os meninos, Gabriel e Pedro recolheram Efésios… Eles disseram que foi ele que esmagou a cobra que provavelmente ia matá-la. Meu marido a carregou e mandamos chamar a Dr. Lorena Velasco, na cidade, médica indicada pela empresa, antes de virmos para cá.
Teremos que removê-la. A Médica disse que ela está muito mal…
*
*
… desculpe, eu vou conseguir terminar de escrever…
A queda que ela pegou do cavalo foi muito forte e ela bateu a cabeça…
Não estou violando nenhum dos direitos de privacidade que demos a ela, isto aqui escrevo em uma folha para entregar a ela assim que ficar boa…
*
*
Deus! Faz minha filha ficar boa… Me perdoa, por ter me afastado dos teus caminhos, mas salva a minha filha. Me ajuda!
Ela não acorda, ela nem se mexe…
O que eu vou fazer? Perdoe-me, Deus, perdoe-me.
23 de janeiro de 2011. Aras Bom Jesus. Meu quarto. Muitos dias após a ultima vez que eu escrevi.
Olá diário,
Há quanto tempo não é mesmo? Eu soube que mamãe andou dando umas voltinhas por aqui. Acho que tem muita coisa pendente, mas estou com a perna quebrada então vou ter tempo de sobra para escrever o que não pude todos esses dias.
Antes de ontem eu acordei. Não acordei como acordamos após um sono normal, mas acordei de novo, nasci de novo. Acordei de um sono que talvez eu nem acordasse.
Acordei também de um outro sono em que vivia. Aquele de minha vida inteira. Eu ainda estou confusa com muita coisa. Mas eu sei que se hoje estou aqui escrevendo nesse diário, foi por que eles me salvaram.
Minha mãe me garantiu que mesmo após muita relutância de papai, seu Antônio e Rebeca entraram aqui e oraram durante 1 hora e meia pela minha vida.
Dr. Lorena também garantiu que é impossível que eu esteja viva. Ela tinha absoluta certeza que fez tudo o que era possível por mim e que eu não reagia. O que todos dizem?
QUE SOU UM MILAGRE!
O que eu penso disso tudo? Bem, é meio difícil pensar com a cabeça doendo, mas só eu sei o que aconteceu de fato naquela noite e sei o que vivenciei ali. Antes que chegassem pra me resgatar.
Amigo, eu estou mesmo sentindo muita dor, então, prometo que amanhã, após a injeção de analgésicos que a dr. Lorena me aplica todos os dias, conto tudo o que aconteceu naquela noite.
Capitulo 5: O que Aconteceu Naquela Noite.
24 de janeiro de 2011.
Olá.. Como não tenho mesmo nada pra fazer, depois de twittar a tarde toda vim escrever.
Lembro de ter saído de casa, não havia ninguém na sala. Sai porta a fora e me dirigi ao estábulo. Estava mesmo com muita dor em minha alma, desesperada. Todos os meus pensamentos eram Tammy e Efésios. Fui direto vê-lo.
Não me importava mesmo com nada que ele pudesse fazer. Apenas entrei e deixei a porteira aberta. Ele não me pareceu um cavalo que não se deixa ser montado. Pelo contrário. Ele parecia querer ser montado. Ele não relinchou, não fez nada que parecesse ser uma reclamação e muito menos fez movimentos impedindo que me aproximasse. Preparei o acento, coloquei. Ele aceitou de bom grado. Subi, bati levemente o pé e ele desatou porta fora.
Nunca algo foi tão fantástico em minha vida. Ele não andava. Ele corria. Era um misto de dor e de salvação. Não vida nada. Apenas sentia o vento batendo em meu rosto.
Efésios parecia sentir o que eu estava sentindo e parecia mesmo se esforçar bastante pra que a dor em mim, suavizasse. Ele parecia entender e fazer questão de pedir o que eu estava pedindo.
Liberdade… Eu queria liberdade.
Eu clamava por liberdade. Eu precisava de algo que mudasse a minha história. E de alguma maneira… de uma forma louca que não consigo explicar. Efésios me conduziu para lá.
Ele pareceu saber o tempo todo aonde queria ir, mesmo que nem eu soubesse onde era esse lugar. Mesmo que não houvesse lugar nenhum, só de pensar que havia liberdade, que eu podia imaginar que havia, já amenizava e muito a dor que eu estava sentindo. Eu pudia ficar ali pra sempre…
26 de janeiro de 2011.
Efésios corria com muita força e rapidez e com isso me acalmava, me distraia. Era como se ele fosse o único capaz de me entender. Aquele momento era tudo ou mais que eu precisava, até que…
Senti Efésios levantar seu corpo e me empurrar pra traz. Tentei me segurar, mas não consegui, ouvia ele relinchando assustado, ele parecia com medo de algo.
Fiquei solta e de repente não conseguia mais sentir o meu corpo colado ao Efésios. Sabia que estava caindo, só não sabia onde e nem de que forma. Não demorou muito até que eu pudesse sentir o chão batendo contrário ao meu corpo. Enquanto ouvia os relinchos atordoados, o cavalo levantava e baixava suas patas dianteiras, movimento este que me fez cair. Foi tudo muito rápido, embora parecesse que visse tudo como um filme em câmera lenta. Fora curto o tempo em que bati com meu corpo no chão e cabeça na pedra.
Ainda consciente. Ouvi barulhos de carro bem longe. Sabia que estavam a minha procura. Efésios estava desesperado e não conseguia entender o motivo. Sentia meu corpo doer, sentia minha alma gritando: “Tammy, eu vou com você amiga, eu vou com você!”.
Sabia que estava em perigo, só não sabia por que, foi então que decidi que não podia ficar ali e tinha que levantar. Comecei devagarzinho. A mata passava na minha frente como se eu estivesse em um carrossel. E eu pensava: “fui má! Vou morrer!. Vi minha vida passando toda a minha frente, ouvia o carro se aproximando, embora nunca chegasse. Foi quando de repente a vi, ali na minha frente, parada me olhando.
27 de janeiro de 2011.
De onde foi que ela surgiu, eu sinceramente não sei. Mas me senti em um duelo de filme de faroeste, e nós duas éramos os opositores.
Eu com minha cabeça erguida ela com a dela me encarando. Parada. Querendo mesmo me dizer alguma coisa. Não sei se perguntava o que eu estava fazendo ali, se queria dizer que o território era dela e que eu havia invadido sem sua permissão. Não sei se dizia, estou com fome. Não sei se dizia, “pobre menina rica!”, a questão é… ela estava lá e me encarava e seu olhar parecia tão esnobe que quase pude me reconhecer em algumas de suas atitudes.
Eu estava zonza. Minha cabeça rodava mesmo. Enquanto eu sentia cada gota de suor frio saindo pelo meu corpo. Ela lá, estática, esperando que eu fizesse somente um movimento ou um ar de desistência minha. Ela fez isso com a pessoa errada. Eu consigo ser mesmo tão esnobe e tão nojenta quanto ela.
Não entendia por que não me atacava e teve mesmo toda a chance possível. Não sei se é um costume das cobras daqui a intimidação, a verdade é que não sei nem se cobra de lugar algum tem algum costume. Só sei que era isso o que ela queria fazer comigo: intimidar, me ver perder todas as minhas forças, dizer pra toda a mata que ela tinha o controle da situação, que era a dona do pedaço e que eu não devia mesmo ter invadido seu território.
No jogo de olhares, no duelo da garota má e da cobra vermelha, nós duas terminamos empatadas. Eu pensava: “faz logo o que você tem que fazer! Estou ficando mesmo cansada disso tudo aqui. Não me importo!”.
E ela me olhava e eu tremia, mas a verdade é que estava começando aceitar qualquer que fosse meu destino…
28 de janeiro de 2011.
Tudo isso acontecia sem que Efésios se acalmasse, sem que o carro ao longe, chegasse. Foi quando, após lembrar de tudo o que havia acontecido e de como fui parar ali, naquele encontro casual com a cobra que lembrei e fiz, não sei posso chamar, mas fiz, ainda sentindo como se minha alma fosse sair do meu corpo e toda a dor que havia, pensei, estranhamente em Deus. Disse na minha mente: “vou morrer, se você existe, não me deixa morrer! Me tira daqui e vou crer que você é real. Se você existe, salva a minha vida!
Mais alguns segundos, a cobra se mexeu e sei que era o bote, ela partiu pra cima de mim. A vi de boca aberta, vi Efésios, e no segundo seguinte, ela não estava mais diante de meus olhos. A vi próxima de Efésios ainda viva. Com a boca aberta para ele.
Foi quando senti algo asqueroso e friamente umedecido encostar em meu braço, Efésios estava quase pisando em cima de mim. Era ela encostada ao meu braço esmagada e ele pisando em cima, parecia mesmo querer ter certeza de que estava morta. Depois. Ele sapateava, relinchava e relinchava até que finalmente acalmou. Vi sua pata, parecia sangrando.
Vi a cobra morta ao meu lado, o que restou estava mesmo muito sujo de terra. Olhei para Efésios e naquele momento pensei: “sabia que era apenas incompreendido, que por traz de toda essa brabeza havia um coração bastante mole!”. Sorri pra ele e de repente tudo ao redor começou a escurecer e não lembro mesmo do que houve depois. Desmaiei.
Capitulo 6: Abrindo os Olhos.
29 de janeiro de 2011, ainda no Aras Bom Jesus e engessada.
Quando acordei após dias, eu mal conseguia falar. Sentia muita dor, não só no corpo mas, profundamente dentro da minha alma.
Não dizia nada, via apenas os rostos das pessoas que sorriam enquanto levantavam as mãos pro céu e agradeciam a Deus por eu ter aberto os olhos. Bem verdade que os ouvia, embora não entendesse muito o motivo da comemoração.
Enquanto todos eles pareciam dar uma festa e Dr. Lorena tirava o termômetro sacudindo, um rosto me chamou a atenção em meio a todos. Um rosto sobressaiu mais do que o rosto de minha mãe ou de meu pai. Mais do que o belo rosto de Gabriel e mais do que o rosto companheiro de Pedro. Rebeca.
Olhei pra Rebeca e por algum motivo ela estava feliz. Ela sorria com os olhos cheios de lágrima.
Acho mesmo que a única que não entendeu tamanha comemoração foi eu. Se bem que, naquela hora, me senti como se eu estivesse assistindo uma aula com a professora do Charlie Brown. Eles estavam lá, eles falaram, mas eu estava tão longa daquilo tudo. Isso foi o pouco que vi, depois dr. Lorena me injetou algo e ficou novamente tudo escuro…
Abrindo um parêntese… hoje é sábado e ainda tenho muita coisa atrasada pra contar, mas antes de continuar, você diário, tem que saber, amanhã vamos embora de volta pra Belém, segunda começam as minhas aulas e Seu Antonio, Rebeca, Gabriel e Pedro vão com a gente… Seu Antonio por que trabalha pro meu pai e eles por que precisam estudar. Vamos todos pro mesmo colégio, o dono da empresa, chefe do papai, deu pra cada um dos meninos uma bolsa de estudos no melhor colégio da cidade… Enfim, acho que não vou andar à cavalo tão cedo, queria andar antes de ir, ma ainda estou engessada… Aff! Fora que os acontecimentos dos últimos dias tem que ser ditos. Eu tive uma conversa com Rebeca que foi algo muito estranho pra mim, mas ao mesmo tempo fez trocas em minha mente absurdas, eu posso dizer que creio em Deus, eu sei que ELE existe, ELE ouviu minha oração, mas ainda tem coisas que não entendo e Rebeca me explicou algumas… Eu gravei a conversa que tive com ela e vou colocar aqui palavra por palavra… mas hoje não, estou cansada, amanhã começo a contar tudo o que ela me disse. Tchau, diário! Bejocas… Amo você…
Belém do Pará. Nova Casa. 31 de janeiro de 2011.
Ontem, viemos do Aras… só a avó de Pedro ficou lá. Ela cuida do aras e dos outros empregados…
As aulas começaram hoje, mas eu não fui. A Rebeca foi, o Pedro e o Gabriel foram, mas eu não quis… Muito ruim com essa bota no pé… E de muletas…
Bem, a viagem foi tranqüila, e lembro que tenho que contar minha conversa com Rebeca, estive ouvindo de novo a conversa, como é grande terei que contar aos poucos.
Tudo começou um dia depois que abri os olhos. Rebeca entrou por meu quarto a dentro e com um sorriso extenso no rosto, meu deu bom dia.
“Como vai senhorita? Sente-se melhor hoje?”
Lembrar disso me dá vontade mesmo de rir. Inacreditável! Quem é essa pessoa?
“trouxe seu café da manhã! Frutas e mais frutas. Quando sua dieta acabar terá virado uma árvore. Que susto nos deu em mocinha?”
“Aff! Essa garota existe? Será que a estou vendo mesmo?” Pensei.
“Não irei me demorar, senhorita, já vou sair e deixá-la em paz!”
Reuni forças, ainda sentindo dores, mas consegui pedir pra que ela ficasse.
“Por que faz isso?”, perguntei.
“Por que faço o que?”, odeio que me respondam com outra pergunta.
“Porque você é tão legal comigo? Eu trato você mal, brigo com você, xingo você e você entra no meu quarto feliz desse jeito e me trata bem e…
Ontem você parecia super feliz e parecia que ia chorar por que eu abri os olhos”.
“É claro que ficamos felizes. O Senhor Jesus lhe deu mais uma chance!”
Quando ela falou isso eu lembrei da cobra e vi o Efésios e lembrei de tudo.
“A oração!” falei bem alto. “Sim, sim, nós oramos muito por você”. Disse Rebeca.
“Não! Não é isso! Disse a Rebeca já não conseguindo conter as lágrimas”.
“A cobra! A cobra!”
“A cobra está morta, Efésios a matou e protegeu a senhorita!”.
“Eu sei, eu orei a Deus que me salvasse e Efésios a pisou logo em seguida!”.
O que eu sei, é que eu não tinha terminado de dizer a Palavra Deus, quando ouvi o barulho da xícara caindo no chão e se espatifando.
Parece que Rebeca ficou em choque. Mais até do que eu diante da cobra. Depois de algum tempo ela se recompôs e saíram algumas palavras de sua boca:
“Você orou a Deus?!”
“Não sei se posso chamar aquilo de oração, mas sim eu pedi ajuda a Deus, que se ELE existisse, me salvasse. E logo após isso, Efésios pisou em cima da cobra. Ai ficou escuro!”.
Rebeca disse: Isso aconteceu?
“Sim, aconteceu! Eu ia fazer mal a você, mas alguém, algo superior não permitiu! Estou muito envergonhada, mas eu preciso lhe pedir desculpas. Sinto muito!”
“Tá tudo bem, já passou!”
Foi ai que eu ri e disse sacudindo a cabeça: é impossivel!
“O que é impossivel?!
“Você não ouviu? Eu ia te fazer mal!
“Como pode você continuar dizendo que está tudo bem e que passou? Você é sempre assim tão legal”
Rebeca sorriu.”Você quer mesmo ouvir?”
“Quero sim! Por que faz essas coisas? Não é possível que alguém seja mesmo tão tranquila quanto você e boazinha desse jeito…!”
“Você tem razão, eu não sou!”
“Não é boazinha?! Mas parece…Desculpa te falar mas as vezes parece que você não é humana! Dá raiva!”
“Eu sou sim, e erro muito!”
“Fora que essa historia sua de não beijar seu namorado é pagação demais na minha mente!
“É mesmo?!
“É sim!”
As duas davam um leve sorriso. Então Rebeca começou a falar:
“Um dia explico a você meu relacionamento com Gabriel, mas não sem que você entenda outras coisas!
Senhorita Stella, eu não sou perfeita, eu cometo erros, sou indigna, mas fui aceita. Eu vou lhe contar uma história…
A história é essa, senhoria Stella…
Certo homem pegou seu bilhete de transporte e o colocou na bolsa. Na entrada do transporte percebeu que não estava com ele. Disse ao motorista:
“Vou descer, não tenho como pagar o transporte, deixei meu bilhete em casa.
Ao que o motorista respondeu:
“Suba por traz, você não precisa pagar!”
O pobre homem desceu e subiu por traz. Já sentado, ele procurou novamente dentro de sua bolsa e achou o bilhete. Levantou feliz e foi até o cobrador dizendo: “achei o bilhete! Quero pagar a passagem!”
E o cobrador virou pra ele e disse:
“O motorista já te disse que não precisa pagar! Então não me importune e volte pro seu lugar! Você não precisa pagar nada!”
O homem voltou e sentou e não levantou mais.
Perguntei: e o que isso quer dizer?
Rebeca respondeu: o nome disso é graça!
As leis te mandam pagar a passagem, mas se o responsável pela condução te permitir subir sem pagar, a lei não muda e nem é abolida, mas alguém levou aquela responsabilidade no seu lugar!
“Tá!” Respondi meio sem entender! “E onde isso entra nas perguntas que eu fiz?!”
“Você me perguntou por que a trato bem quando você me trata mal, não perguntou?!”
“Sim e continuo sem entender!”
Pois bem, um dia eu fiz mal a Deus com toda a minha essência pecaminosa e pela lei eu devia mesmo morrer. O Atestado de óbito estava dirigido a toda a humanidade e nos duas temos parte disso. Mas um dia Deus enviou Jesus que tomou no meu lugar a responsabilidade de pagar pelo meu pecado, me salvou e me perdoou mesmo sem que eu merecesse. Agora é você que acha que não merece perdão, mas eu também não merecia e Jesus me deu. Como posso ser participante de tão grande graça e misericórdia e não passar isso adiante?
Eu fui perdoada e por isso perdôo você. Eu não merecia mas Deus me deu a vida de graça e sem me cobrar nada. Ele me amou pra que eu passasse isso adiante. Aquele que não ama não pode amar a Deus. Aquele que não perdoa não recebe perdão.
A lei de morte dizia: olho por olho e dente por dente, mas a lei de graça e misericórdia diz que devemos orar pelos que nos perseguem. Eu orei muito por você por isso fico feliz de ver o que Deus fez em sua vida. E fiquei, fiquei mesmo muito preocupada de que você morresse sem salvação. Foi um alivio vê-la ter mais uma chance…
“Isso não te torna uma pessoa boa?!”
“Não! O que você não entende é… Não há nada de bom em mim, até a bondade que há não é minha, mas obra do divino Espirito de Deus. Nada temos de nós mesmo se do Céu não nos for dado!”
“No meu ex-colégio era assim: bateu, levou! Você apronta e se alguém descobrir, toda a escola descobre e fica contra você! As mais populares não podem se dar ao desplante de fazer nada em banheiros!”
“É isso ai é o mundo em que você vive! mas existe um mundo em que não vive que você poderia passar a viver e descobrir que é a coisa mais incrível que já aconteceu em sua vida!”
E Rebeca continuou falando
“A grande verdade, mocinha, é que nesse mundo nada é de graça e nem mesmo no outro e isso é a lei.
Havia uma lei de morte decretada a nós e nós pagaríamos por ela. Se alguém disser a senhorita isso foi de graça, você pode ter certeza que alguém pagou por ela.
“Certo! Você fala, fala e não responde! Por que está sendo legal comigo?”
“OWw! Você é lentinha hein?! Vê se entende, não revidar e não fazer com você o que você faz pra mim, não é estar sendo legal com você, é estar sendo legal comigo mesma! Além de que você pediu desculpas e eu vou aceitar isso como perdão, então já está esquecido.
“De onde eu venho simples desculpas não apagam memórias!”
“De onde eu venho também não senhorita. O que acontece é que eu não mereço o perdão de Deus e mesmo assim ELE me deu, quem sou pra me negar a perdoar?”
“Mas você não é Deus pra perdoar!”
“Não sou mas se eu quiser agradá-lo, devo devolver a você o que ELE devolveu a mim. Eu não merecia, mas ELE fez por mim e pagou caro pra isso. Só devo devolver a você o que ELE fez por mim!”
“Entendo! Então, eu não vou conseguir ser alguém que agrada a esse Deus! Sei que existe, mas fico por aqui mesmo!”
“O que você pensa que é o evangelho senhorita?”
“As pessoas vão a igreja e vivem um conjunto de rituais e acreditam que esses rituais agradam ou não a Deus. Fazer coisas ou deixar de fazer coisas é o que leva pro céu, né?”
Rebeca riu de mim. Eu me senti uma criancinha boba a cada gargalhada que ela dava, mas é bem verdade que estava gostando muito daquela nossa conversa. Pena que fomos interrompidas, era hora de mais remédios. Rebeca saiu.
“Volto depois, senhorita!”
Eu sorri!
Senti como se alguém pegasse o meu rosto endurecido e esticasse de um lado e de outro tentado formar um sorriso.
Eu sorri!
E aquela foi uma experiência fora do comum pra mim. Meu rosto amoleceeeu!
Voltei a dormir depois disso. Mas antes de pegar no sono, lembro de ter pensado: “eu quero ouvir mais…!”.
Ainda estava de cama e não podia ir a canto nenhum. Meus pais iam ao quarto uma ou duas vezes pra se sentirem menos culpados. Rebeca havia saído aquela hora do quarto, nós continuamos nossa conversa de onde paramos e Rebeca me explicou. Pelo menos acho que foi isso, que existe Deus e a religião. Que Deus é uma pessoa e a religião um conjunto de regras e ritos. E que um não tem nada haver com o outro.
Ela disse que Deus é alguém com quem posso me relacionar, falar com ELE e ouvi-lo. Eu acharia estranho se o fato de pedir por minha vida, não fosse seguido de um cavalo esmagando uma cobra.
Dai perguntei: “Se não é um conjunto de ritos e regras, por que você vai a igreja? Por que ler a Biblia? Oração vai lá, entendo pra que serve mas os outros não deveriam ser necessários? Se Ele é Deus e ama por que não posso fazer um monte de coisas? Eu sei já creio em Deus… Mas será que as regras não são invenção dos homens?
Rebeca sentou e se esforçou pra me explicar, cada uma delas. Me alertando de duas coisas: Deus, Jesus e a Bíblia como questão de fé.
Ela disse: “É necessário crer em Deus como um Deus real e verdadeiro Criador dos Céus e da terra. É necessário crer que Jesus Cristo é Seu Filho e veio à Terra e viveu muitas coisas e fez milagres e morreu e ressuscitou ao terceiro dia e vive hoje à destra de Deus e que ELE enviou o Espírito Santo e é necessário crer que a Bíblia é a Palavra de Deus e continuamos, as perguntas foram sendo respondidas uma a uma… tive sono e quis dormir… Rebeca saiu, mas não antes de pedir a ela um abraço. Ela tem uma conversa agradável e é muito inteligente, amo ouvir as coisas que ela diz…
17 de fevereiro de 2011
Mais um dia de aula frustrado. Acho que não agradei a metade da minha turma… Pedro senta do meu lado sempre. E nós conversamos muito. Rebeca e Gabriel estão no ultimo ano e também são da mesma turma. Tem alguma coisa na minha cara que não agrada essas garotas de jeito nenhum.
Não sei se sou eu, ou se é o Pedro. Ou se sou eu ou as pessoas com quem ando. Bem verdade que eles são os únicos que conheci aqui e posso dizer que meus primeiros amigos nessa terra estranha.
Depois de ter “caído do cavalo” literalmente, foi Rebeca que me ensinou os princípios da Palavra de Deus. E me levou a igreja. Por ela também eu conheci Jesus Cristo. Ela realmente tem uma vida diante de Deus e convivendo com ela também descobrir que não é perfeita. Pensava que cristãos fossem seres esquematicamente certinhos, mas os filhos do seu Antonio me mostraram que não é bem assim. Que eles buscam a Deus, mas que não são perfeitos. Rebeca se chateia as vezes e fica triste e tem TPM como toda garota, a diferença é que seus erros, ou pecados que por assim dizer, não são coisas constantes e freqüentes. Ela não tem prazer em pecar. É possível que ela peque, mas vai em busca de Deus a fim de encontrar perdão e tenta não repetir a dose, mas se não der, como ela diz, GRAÇA em mim.
Sim, eu gosto muito da amizade deles. É a primeira vez que tenho isso. Eles me ensinam coisas boas. E quando estou no meio deles me sinto como se pertencesse a uma família de 4 irmãos.
Eu sei que é um susto falar isso agora. Mas deve-se lembrar que faz muito tempo que não escrevo as novidades. Depois de várias conversas que tivemos eu e Rebeca. Havia algo sempre que ela começava a falar que mexia dentro de mim, como um mix de Paz e Dúvida. Era uma guerra dentro de mim. Eu queria aquilo que ela tinha. Eu queria viver daquela maneira… Eu queria ouvir a voz de Deus…mas… será que Jesus era mesmo real? Será que ELE havia feito tudo aquilo comigo?
Fui indo a igreja e aquilo… aquela atmosfera era tão boa. Comecei também a ler a Bíblia que mamãe me deu e… um belo dia… quando estava no meu quarto comecei a pensar em Deus e em Jesus e ver as coisas ao meu redor…
Então eu disse: E se houver um Deus que veio a terra e morreu por mim? E se eu não tinha mais nada pra esperar e alguém me mostrou o caminho? Foi quando fui tomada de uma tristeza e uma alegria. Uma tristeza boa de descobrir que havia um Deus e o rejeitara todos os dias da minha vida. E uma alegria de saber que havia perdão e que alguém era apaixonado por mim o suficiente a ponto de dar a vida em meu lugar…
Meu corpo se uniu ao desespero da minha alma e não se aguentou em pé, então cai prostrada diante da revelação do amor de Deus por minha vida, mesmo eu sendo quem era. Naquela hora, eu disse a Deus: perdoe-me e me aceite, eu acredito, eu acredito em TI, eu não sei quem é você, mas isso que to sentindo agora é tão bom, tão calmo, tão inesperado…
E prostrada continuei com meus olhos jorrando lágrimas a ponto de ver gota a gota cair ao chão. Aquele foi sem duvida um dos dias mais fantásticos da minha vida. Por que não só cri em Deus, como senti que ELE estava ali e de fato, como Rebeca havia falado, me ouvia… De repente comecei a ver quem eu era… e… que Deus é esse? Tão lindooo…
Chegamos em casa do colégio. Fomos fazer o trabalho Pedro e eu. Agora somos tipo Batman e Robin. É estranho estar do outro lado. Um dia eu era uma das garotas mais populares da escola e toda as garotas me imitavam e hoje estou do lado daqueles desconsiderados por elas e isso me faz sentir tão bem. Eu não deixei de ser a Stella… continuo tão arrogante como nunca… mas agora eu descobri que sou assim… e não é algo da qual me orgulhe, mas como Beca me ensinou, é de fé em fé.
AHH! Quase esqueço diário!
A Rebeca é minha discipuladora na igreja. É Ela é que me orienta sobre a Palavra de Deus. Amo ler a Bíblia e de fato tudo aquilo que ela me falava, aconteceu. Sei que há um longo caminho pela frente. Mas tudo é diferente agora. Quando os nossos olhos simplesmente se abrem. Tudo fica tão claro, tão belo, tão…
Capitulo 7: Exatamente Como eu Sou
Belém do Pará. 18 de fevereiro de 2011.
Querido Diário,
estou revoltada. Tipo, como se não bastasse meu pai me mandar indiretas o tempo todo por minha decisão. Agora eu estou na lista negra das garotas mais populares de lá. Eu já estava, a Beca já era e agora a guerra foi declarada.
Tudo aconteceu na hora do intervalo. Foi quando um garoto da minha sala, um tal de Vitor, esbarrou em mim com seu copo de refrigerante na mão e se molhou todo. Ele era namorado dela, “da super diva da moda”, Isabella Gutierrezzzzzz. A grande questão é que foi ele que esbarrou em mim e não eu nele. Não faço idéia de onde ela veio, mas se encostou no cara e foi abrindo a boca:
“- Olha o que você fez, sua estúpida!”.
A gente anda em bandos. Todo o intervalo Beca, Gabú, Pedro e eu, sentamos juntos. E estávamos juntos na fila da lanchonete quando isso aconteceu. Acho que olhei pra Beca, e a vi dizer algo com os olhos como: “não entra na dela!”.
E acho que respondi com os olhos, pra Beca, franzindo a sobrancelha e com um sorrisinho ironico no rosto, do tipo: “Não, adianta! Eu não vou deixar barato!”.
Eu sorri, para a d. Isabella.
- Você sabe pelo menos o significado da palavra estúpida, sua loura a base de água oxigenada!.
Havia um barulho enorme no pátio da escola. Que após eu ter retrucado acabou instantaneamente.
Todo mundo calou a boca! Os alunos me olhavam como se eu tivesse feito algo extraordinariamente absurdo!
“O que foi que eu disse?”
Em casa soube pela boca de Rebeca que eu havia afrontado nada mais nada menos do que a garota que se ela te odiar, toda a escola odeia, se ela te amar, toda escola te ama, se ela mandar, todos obedecem por que ela é A GAROTA. Mais ou menos é ser ou não amigo dela que define que posição você ocupa no hall da fama do colégio e da cidade. Parece que o pai dela é um megamilionário e por tanto, ela manda no pedaço. Todo mundo quer tá perto dela, todo mundo quer bajulala, e ninguém, absolutamente ninguém, diz a ela, nada do que eu disse.
O grande detalhe: eu não ligo mesmo. O status que ele tem eu já tive, e se ela estivesse no meu colégio em São Paulo, seria ela que precisaria lamber os meus pés. Disse isso a Rebeca. Ela me alertou sobre romper com estruturas de orgulho. E que dadas as circunstancias eu já estava vencendo muitas coisas. Mas que deveria tentar vencer essas.
Bem lembrado disse a Beca, mas na hora, a última cosra que lembrei é que agora era cristã. Eu não sabia bem o que estava acontecendo. Mas percebi que o que quer que tivesse dito, causou um grande espanto a todas pessoas presentes ali, inclusive a ela.
- O que foi que você disse? Sua pobretona, ridicula?
- Em primeiro lugar, não sou pobretona coisa nenhuma! Em segundo lugar disse: que esse se cabelo é nojento!
Acho que vi Pedro e Gabriel rindo. E Rebeca com um ar de “Senhor nos acuda! Estamos em apuros. Mas não dei trela a ultima coisa que ia deixar era aquela enxaguada me dizer desaforos.
Naquele exato momento formou-se um circulo ao nosso redor. E ela esbravejou: – Não é pobretona? Mas você só anda com a plebe, meu bem? “Diga-me com quem andas e te direi quem és, não é assim?”.
Naquela ora olhei para meus amigos e de fato, vi o por que parecia ser a pobretona da história, vergonhosamente me senti envergonhada. Mas eu amava a companhia deles, embora seja bem verdade que em outras épocas eu jamais andaria com eles. Foi um lapso de segundos. Entre sentir vergonha de estar com eles, e novamente cair a ficha de que perto deles era o melhor lugar do mundo. Perto deles eu só precisava ser quem eu era, eu não precisava ter dinheiro, ou ser a garota mais popular da escola. Eles me amavam pelo que eu era e não pelo que eu tinha, e eles me ensinsaram tantas coisas. Mas de certa forma, algo dentro de mim queria estar lá, do lado dela. Ser quem ela era, ser a gorota mais apreciada, desejada e respeitada da escola.
Então retruquei, embora sentindo minha alma corroer por dentro por estar do lado desfavorecido, respondi:
“Você tem uma excelente forma de ser a garota mais infeliz da escola! Quando seus puxa-sacos não estão, pra quem você chora?”.
Ela me olhou como se tivesse alfinetado algo nela. Pegou a mão do namorado e me olhou bem dentro dos olhos:
“Você vai se arrepender de ter me enfretado! Não chegue perto do meu namorado!”
“Disponha, eu não queria mesmo chegar perto dele, foi ele que chegou perto de mim. Outra coisa. Eu sei ser bem mais nojenta do que você! Estarei esperando!”.
Gabriel e Pedro sorriam, mas quando olhei para Beca, ela me desaprovou com a cabeça e saiu. Eu sorria pela minha vitória, mas quando a vi, chateada, meu sorriso se foi. Seu Antonio foi nos buscar e ficou sabendo de tudo.
Mais tarde, após o almoço foi mais um dia que eu e Pedro estudamos juntos.
“Sinto falta dos cavalos!”, disse ele.
“Eu também! Principalmente do meu cavalo super herói!”
“Olhaaaa, eu sei o que minha irmã acha disso e sei que ela não aprova esse tipo de coisa e que ela te discipula, mas… eu achei um barato você dar umas na cara daquela nojenta!”
“Ah! Sim?”
“Sim!”
“E por que?”
“Você não sabe o que ela faz?!”
“O que?”
“Ela humilhas as pessoas direto! trata-as como seus empregados, ela bem merece umas correções de vez em quando! E negue diz nada!”
“Hummm, igual eu faço com vocês?”
“Engraçadaaa! Você era nojenta, mas não era comigo. Cismou com a Beca, mas sempre foi minha amiga!”
“Eu não era sua amiga! Eu te usava é diferente!”
“Ah!Sim?”
“Sim, meu pai me mandou ser educada e você me dava aula de montaria!”.
Rimos!
“E agora?” Ele perguntou.
“E agora, o que?”
“Agora você é minha amiga?”
“Não!”
“Ah! (…)”
“Agora você é como se fosse meu irmão!”
“Irmão?”
“Sim!”
“Vocês moram aqui na minha casa e passamos o dia todo juntos, comemos, brincamos, estudamos, vamos a igreja e me ensinam sobre Deus! Eu sempre fui filha única e agora minha casa é cheia de gente jovem!”
“Mas nós ainda somos seus empregados!”
“Vocês não trabalham pra mim, trabalham pra meu pai que também gosta muito de vocês. Minha mãe então é louca pela Beca e que as vezes fico até enciumada!”
“De qualquer forma, é bom te-los aqui, eu nunca mais me senti só!”
“Irmão?”
“O que foi? Não gostou de ter mais uma irmã?”
“Nãão! Nadaa! Gostei sim, claro!”
“Pedro?!
“O que é?”
“A gente tem muito o que estudar, tá?”
“Tá!”.
Não entendo ele as vezes parece que queria dizer alguma coisa, mas sem dizer. Pedro é engraçado! Me faz rir muito. E as vezes conversamos por oras. Conversei com Rebeca e ela me disse que não gostou do que fiz na escola, que somos cristãos e temos que dar o exemplo, eu disse a ela que sentia muito, mas que é ainda não consigo ter outras atitudes. Ela é compreensiva. Me disse que era assim mesmo, e que Deus iria me transformar.
Mas uma coisa me incomoda e isso não posso contar a ninguém. As vezes me sinto nojenta, tanto quanto a Izabella. Por que senti aquilo? Por que não os amo, nem os considero como pessoas que merecem e são dignos do meu respeito? Embora tenha dito o que disse a Pedro, é verdade que as vezes me sinto bem superior a condição de Rebeca e todos eles. Eu me sinto sim melhor e mais privilegiada do que eles. Eu senti vergonha de andar com eles. Meu Deus, eu não quero ser assim! Quero ser alguém que te agrada! Por favor, me livre.
Vou orar, estou me sentindo muito mal. Rebeca disse que quando não conseguimos vencer um pecado, devo confessá-lo a Deus e me arrepender dele.
Amanhã vamos a igreja, culto dos jovens. Só vou por que os três vão, mas a verdade que meu pai não gosta, só mamãe aprova e foi na igreja alguma vezes comigo. Vou indo, ainda tenho trabalho a fazer e acho que vou entrar no twitter depois.
Cara, lembra daquele twitter que vi uma vez quando estava na fazenda e achei horrível? Pois é, agora eu sigo ele, o @garotacrista . Ele diz umas coisas interessantes. As vezes, penso algo e parece que ela sabe o que to pensando e responde o que eu precisava ouvir. Queria saber quem está atrás dele, não tem rosto, ela não diz o nome de jeito nenhum. Aiiii! Me deixa tão curiosaaaa!
Vou indo, diário. Beijos.
19 de fevereiro de 2011.
Colégio, em pleno sábado. Eram exatamente 11:15 quando uma jumenta passou por minha mesa e deixou o copo de sundae cair em cima de mim, é bem verdade que ela errou o alvo, eu quase não me sujei, pegou um pouco na blusa mas melou mesmo meu sapato.
Eu levantei da mesa tacando o guardanapo com fúria em cima do meu ex-lanche que agora era só pão umedecido.
“Olá, como vai, pobretona? Bom vê-la por aqui!”
“Olá como vai loura tingida! Que bom vê-la também, a propósito, estava uma delicia o sundae, pena que você chegou agora, eu já estava meio cheinha sabe, se não teria saboreado mais!”
“Fico feliz, querida! Beijos!”.
*
*
*
*
Almoço e depois hora pra estudar, parei agora e vou escrever. O Pedro tá com a preguiça dele de todos os dias, mas hoje ela tá mais. Ficou me lembrando que hoje era sábado. Dia das pessoas normais, se divertirem. Jogamos PS3, ele tá dormindo aqui do meu lado agora enquanto escrevo sobre a escola e meu parceiro de estudos preguiçoso. Daqui a pouco vou me arrumar pra ir pra igreja.
*
*
Acabei de chegar do culto.
Foi muito bom, as músicas elas falam contigo e parece que põe pomada gelada na minha alma. Era pra ter sido melhor se quando eu tivesse chegado meu pai não tivesse me chamado no escritório para ter uma conversa comigo.
Ele disse que não quer isso pra mim. Falou que a religião aliena. Engraçado por que, depois que disse sim a Jesus, senti que fui um alienada a minha vida toda sem ele. Ele disse que entende minha situação. Perdi uma das minhas melhores amigas de infância e isso foi um processo doloroso pra mim. Quase morro, e me machuquei bastante, o que pode ter sido traumático pra mim, mas é exatamente dessa forma que as coisa acontecem quando os homens buscam uma religião. Estão na verdade procurando uma resposta pra suas mazelas, pra falta dinheiro, falta de amor e tudo o mais que sofram tentam achar na religião.
“Allooowww! Oh! Paaa-aaaa-i!” Pensei. “De que cartilha ele tá tirando isso?”. As coisas são sempre assim, as pessoas sempre procuram um motivo pro que quer que você faça. Elas nunca param pra pensar que você tem outros motivos, é sempre uma analise sobre o que você é, o que você sente, o que pensa.. é chato! Cansativo.
Papai não acredita que eu acredito em Deus, ELE acha que após meu estado de choque estou procurando razões pra esquecer minha dor. Dói sim, pensar em Tammy, dói muito. Mas foi a revelação do amor de Deus que me fez estar aqui hoje. E eu refletia e tentava não dizer nada a nada do que meu pai dizia, até que ele cuspiu as seguinte palavras:
“Filha, eu não quero mais que você vá!”.
Nesse exato momento, não consegui ver meu pai dizer isso em tempo real. Parecia mais em camera lenta tipo:
“Fi-i-lha-a-a-a-a, eee-u nnnnna-na-na-ã–ã-ã-ã-ooo-ooo queeeeeee-rrrrro-o-o-o-oo queeeee-e-e-e-eee vvvvvoooo-o-o-o-ooo-o-ccccêêê-ê-êê vvvááá-á-á-ááá!!!!!!!!!!!
Ufa! Consegui escrever a lentidão de meu pai. Ei! Perai, pára tuuudooo. Meu pai, não quer mais que eu vá a igreja. AAAAAAAAAAAAAAAAA. Socorroooooo! Alguém em ajudaaaaaaa! Tipo, assim, alguém anotou a placa do rinoceronte que acabou de me atropelar? Ei! E agora? Eu não posso não ir. Eu preciso daquilo, tem Presença lá de Deus real e eu respiro aquilo, não, não, não. Alguém por favor, diz pro meu pai que ele endoidou, pleaseeee.
Aff! Socorro! O que eu vou fazer?
*
*
Ok! Depois de chorar muito! Agora vou dormir, sei que Deus não vai permitir que isso aconteça. Boa noite!
21 de fevereiro. Forte de Belém do Pará.
Não fui a igreja ontem. Papai me proibiu. Foram todos, menos eu. Assisti pela internet.
De repente parece que as coisas estão dando errado. Parece que de repente tudo simplesmente resolveu dar errado.
Deus me disse que me amaria e agora de repente, parece que não ama.
Será que é por que fiz aquilo? Será que o fato de ter sido, diga-se de passagem má de novo, e não conseguir dominar esse meu mau gênio, tem feito as coisas darem pra traz?
É tão injusto! Ela apronta comigo e eu é que sou má.
Acho que Deus não me ama mais e por isso não me quer mais na casa DELE.
Disse ao Pedro que não estudaríamos hoje. Em vez disso encontrei um lugar fantástico pra pensar. Estou aqui agora no Forte, e olhando o rio e o por do sol. Minhas provas começam após o carnaval… Aff!
É estranho isso que sinto. Não é mesmo como antes… É como se eu tentasse sentir medo e não conseguisse.
Eu não vou escrever muito diário. Eu só quero sentar aqui e ver os barquinhos passando e pensar em tudo. Como vou fazer pra ir de novo a igreja? Será que Deus me quer lá de pois do que eu fiz?
Toda vez que o mar estiver agitado eu vou fugir pra cá… Me sinto tão mais perto de Deus aqui.
*
*
Bem disse que não escreveria mais… Mas, eu tinha que contar isso…
Minha mãe entrou ainda pouco em meu quarto e me disse algumas coisas que nunca pensei que fosse ouvir.
“Stella, querida, posso falar com você?”
Eu nem preciso dizer que meu coração bateu muito forte nessa hora. Minha mãe querendo conversar comigo? Uau! Que sonho! É claro que não pulei de alegria na frente dela… Eu? Parecer uma adolescente esquisitona dessas que riem de mais e falam alto de mais? Nem pensar… Eu Stella Albuquerque Carvalho de Moraes, jamais emitiria todas essa emotividade.
Tá, tá, quase morro quando minha Tammy morreu, mas é diferente. Essa alegria toda eu não ia expressar… seria constrangedor…
Dai eu disse que sim, que poderia…
Ai ela me disse que a partir da próxima semana iria começar a igreja comigo. E isso querendo papai ou não. Que ela sente muita falta e uma das coisas que lamenta foi ter dado ouvidos ao papai quando começou a tolir as crenças dela. Isso foi mega pra mim, por que eu não só ia pra igreja de novo, como também ia com a minha mãe. Meu, que demais… é muito, muito massa mesmo!
Mamãe disse: Sabe, Stella, eu cometi muitos erros durante a minha vida. Deixar seu pai decidir por mim, foi uma delas, acabei de afastando de tudo o que eu era e fui ensinada. Me tornei essa mulher fútil que nem dá atenção direto a você. Não sei, as vezes acho que é tarde demais pra mudanças. Mas se eu pelo menos puder ajuda-la em sua jornada ficarei feliz, de você não seguir as mesmas escolhas que eu.
Eu chorei. Minha mãe viu uma lágrima cair de meu rosto. E me abraçou.
“Aiiii, que bom! Colo de mãe, é tão booomm!”
Então se levantou pra sair e antes de sair do quarto ainda me disse: “Minha, flor, mamãe ama você exatamente como você é!”
Hãããã?! Não entendi bem ainda aquilo que mamãe me disse, entrava no contexto de nossa conversa mis… Aquilo entrou como uma avalanche de felicidade dentro da minha alminha que estava tão triste, mas tão triste…
25 de fevereiro de 2011
Estou de castigo pelo resto da minha vida…
Papai está com muita raiva de mim e cortou minha mesada até os meus 70 anos pelo menos.
Tudo por que? Ora, por que? Por que fui tudo aquilo que não devia.
Por que deixei que meu ser interior falasse mais alto.
Por que me tornei simplesmente alguém pior do que tudo aquilo que desprezo.
Por que? Por que fui baixa a ponto de chegar a ir pra agressão física.
Sim, eu e a loira enxaguada, fomos para o chão, como duas presidiárias acredite ou não, diário, eu, uma Carvalho de Moraes enrolada no chão e presa pelos cabelos com o ser mais nojento de todo o colégio Ettore Bósio.
Agora vê se dá. Vê se dá pra agüentar uma sujeitinha sair de lá do lugar dela e ir na minha mesa só pra falar asneiras. Bem eu não fui pra briga, mas deu tanta raiva que acabei deixando assim , sem querer meu sorvete voar na blusa dela. Poxa! Tava tão gostoso.
Ai ela fez aquela cara de bruxa e me largou no chão e ficamos lá, uma no cabelo da outra que situação!
Fui parar na sala da psicopedagoga, nós duas e ela olhava pra nós com ar de: “vocês não tinham mesmo o que fazer, vieram arrumar uma briga só pra me dar trabalho, uau! Que maravilha!”
-Professora, foi ela que com… , a loirinha pulou logo, né?
-Eu não quero saber quem começou, interrompeu, – o que vocês duas pensam mesmo que estão fazendo? Por um acaso isso aqui é o jardim de infância? Creio eu que não, minhas crianças do jardim não fazem coisas como essas. Onde já se viu? Duas moças de boa família, muito bem de vida descerem a um nível tão baixo!
Dêem as mãos e façam as pazes, na minha escola essas coisas não acontecem.Vamos!
Unf! Essa foi a pior parte… como dar as mãos pra alguém que eu torceria os dedos? Como? Como? Dai comecei a pensar enquanto a olhava e via que ela também não tava nem um pingo a fim de me dar a mão, em quem eu era e o que havia aprendido todos esses meses aqui nessa cidade.
Foi quando lembrei: “Eu te perdoo por que eu não merecia e recebi perdão!”, Rebeca veio na minha mente e me fez lembrar que eu não merecia o perdão de Deus, nem de Jesus nem de Rebeca e mesmo assim ela foi o que foi pra mim, e se tornou o que é. É muito mais fácil você pensar em querer fazer as pazes com alguém, quando lembra do sacrifício de Cristo na cruz.
Dai lembrei de uma frase que vi a Garota Cristã twittar: ” a essência do amor ao próximo é eu entender que Jesus pagou caro por aquele não importando o que ele tenha me feito!”, acho que isso explica que eu não to mesmo aqui pra fazer minha vontade. Mas a DELE e quero parecer muito com ele, mesmo sendo essa pessoa, má e geniosa que sou, tenho que começar mesmo a ser diferente de alguma forma, acho que estender a mão pra ela era um começo e então eu dei a mão a ela. E ela não deu a mão. Foi quando pensei: “tá vendo só, que me adianta ser amável com ela, se ela não quer ser amável!”
E na minha mente eu pensava: ” Stella, não é por ela, é por Deus, não é a ela que você deve dirigir sua mão, mas a Deus, ELE nunca recolherá a DELE!”
Continuei com a mão estendida. A psicopedagoga nos fitando. Demorou um século, mas finalmente a Isabella resolveu dar o braço a torc… ops! a “mão” a torcer, mas eu não ia torcer a mão dela, só ia fazer as pazes mesmo.
Eu fiz algo que não é de costume, mas acho que eu pra quebrar um pouco o gelo. Sorri de leve, ela não. Mas por mim tá tranqüilo, num to nem ai.
Vim pra casa, mas me sentindo mal. Dizendo em pensamento: Jesus, você não era assim… era manso… humilde… eu não sei ser assim… como Tu És.. eu não mereço teu amor. O Senhor ainda me ama? Por favor, não deixe de me amar… por favorrr!
Acho que Deus não pode me amar assim , desse jeito. Ele ama a Rebeca que é de fato uma cristã genuína, mas eu… dificilmente… acho que isso de ser crente não é pra mim.. não deve ser… Socorro!
28 de fevereiro de 2011.
É diário, o bicho tá pegando, como diz meu amigo Pedro, rs…
Fui a igreja ontem com mamãe. Ela se arrumou e me fez me arrumar também e mesmo eu com medo do papai, ela cumpriu a promessa de ir comigo. Fomos, nós duas, a pregação foi fantástica, o pastor falou sobre o amor de Deus e que ELE independe de quem sou ou do que faço e não importa o quanto eu me esforce, jamais posso merecê-lo, nunca serei boa o suficiente para merecer o amor de Deus e é por isso, que é por graça.
Quando voltei da igreja fui correndo ouvir a musica das BarlowGirls que fala exatamente sobre isso.
“Porque você ainda está aqui? Você não viu o que eu fiz?”, eu e a turma ficamos ate tarde conversando. Depois fomos todos dormir. Entrei até no meu quarto pra dormir, mas fiquei com fome e fui na cozinha pra pegar alguma coisa, quando ouvi conversas, vindo do quarto dos meus pais, não eram simples conversas, haviam tons de vozes alterados. Continuei na cozinha fazendo o que fui ali pra fazer. Tentando mesmo condicionar a minha mente a: “não é nada, não estão falando nada a meu respeito, não foi por minha causa essa discussão toda, não tenho nada haver com isso, é problema de casal!”.
Meus pais quase não brigam, se dão super bem! Vez ou outra discordam, mas a alteração nas vozes estava demais. Eu sabia que tinha alguma coisa haver com o fato de mamãe ter me levado a igreja e contrariado a voz de autoridade do papai.
Praticamente ela o deixou sem moral comigo. E, eu sei que isso papai detesta, as poucas vezes que aconteceram, ele ficou mesmo muito bravo. Ele não entende que não é pro mal, é pro meu bem. Ele pensa que mamãe está afazendo um mal a mim, me educando conforme a Palavra de Deus. Coitado do meu pai, ele não entende ainda…
Peguei o bolo e fiquei lá dando garfadas enquanto ouvia a discussão. Não dava pra entender muito o que se falava. Mais ou menos meia hora depois mamãe saiu do quarto e foi a cozinha, não imaginava que eu estivesse lá. O rosto dela, inchado de chorar. Mamãe chorando? Tem algo de muito estranho ai.
Ela pegou um susto comigo. Susto grande até por que foram dois sustos: o susto de eu estar na cozinha aquela hora e ela esperar não ter ninguém. E o susto de estar chorando e ser vista assim. Mamãe ama que a vejam sempre bem. E foi justo eu que a vi. Ela não disse nada, eu também não. Por certo, era bem isso o que ela queria que não lhe fizesse pergunta alguma. Mas eu me sentia culpada por ela ter passado por isso, sentia que tinha algo haver com nossa ida a igreja.
E ela temia… os olhos dela diziam isso que eu perguntasse se tinha haver comigo e ela tivesse que dizer que foi, sendo que ela não quer que me sinta culpada. Sim, minha mãe é muito expressiva e consigo decifrar olhares que ela me dá. Havia um medo, um temor no ar. Não perguntei nada. Ela pegou o copo de água, me deu um beijo de boa noite e foi pro quarto. Eu terminei meu bolo. Apesar de tudo, tava gostoso, foi a Beca que fez. Pronta pra casar! Rs…
Sim, eu sei são exatamente 12:18 e ainda não acabou minha aula. É, estou sim, escrevendo no meu diário na sala de aula. A primeira pessoa que vi logo na entrada foi Isabella, me cumprimentou com a cabeça. Daqui a pouco vou com seu Antônio lá no trabalho do papai, vamos buscar ele.
*
*
To aqui no trabalho do papai, ele tá numa reunião, seu Antonio foi deixar o resto da galera em casa, mas papai quer almoçar comigo então fiquei. Sei do se trata, minha conversão. Ele está convencido de que religião é um problema pra mente de uma adolescente, nas palavras do papai, uma pessoa em formação. E acha que isso vai acabar com minha capacidade de pensar em tudo mais e nem imagina que desde que descobrir a palavra de Deus, minha capacidade de pensar por mim mesma foi muito alem do que eu mesma esperava.
*
*
Uma moça muito bonita acabou de ir embora. Ela veio ate mim e perguntou se eu era filha do seu Fernando e disse que sim. “Você é uma jovenzinha muito bela!”.
“Obrigada, você tambem é!”
“Um prazer conhece-la, seu pai fala muito de você!”
“O prazer é todo meu, mas infelizmente ele nunca falou de você!”
Ops! Desculpa, saiu, fui mal educada de novo, mas ontem descobrir que Deus me ama exatamente como sou, e não vou fazer nenhum esforço meu mesmo pra mudar isso, aprendi que tudo aquilo que Deus não gosta de mim, ele tira, quando eu me coloco diante DELE em oração, jejum e leitura da Palavra de Deus, minha mente é renovada e minhas atitudes transformadas. Esse é meu dever: ler a biblia, orar e jejuar, as outras coisas são com Deus.
No culto ontem aprendi que quando a gente faz as coisas coma força do braço, e caímos, nos frustramos e pensamos: nunca vou ser perfeito a ponto de agradar a Deus! E tem gente que some da igreja por causa disso! Mas se minha vontade de mudar estiver consolidada em Deus, buscando a ELE e por ELE fazer minhas renuncias, lendo a Palavra DELE, então ELE me transformará naquilo que eu devo ser para o louvor da Glória DELE. Amo aprender sobre Deus, fico surpresa de quão belo são as coisas que ELE faz. Papai, tá vindo… vou almoçar.
Té mais tarde diário ou outro dia. Bejocas.
Capitulo 8: Eu esperarei por você
12 de março de 2011.
Esperando minha carona para ir aos quinze anos de quem quer que seja da empresa, maravilha, não vou só, a turma vai junto.
Os últimos dias tem sido dias muito difíceis… provas… meu pai com raiva de ter uma crente em casa. Quase não to conseguindo escrever e a ultima e mais bombástica de todas. Acho que ele está tendo um caso, com a secretária...
Era o que me faltava…
As vezes, eu vou ao trabalho do papai depois da aula e escuto burburinhos. É, óbvio que não contei pra mamãe, na verdade, não contei a ninguém. Isso tem me machucado muito.
Parece que tudo tá dando errado, é como se aceitar Jesus fosse assinar um atestado de dificuldades. E ao mesmo tempo é tão bom, em outras épocas teria feito um escândalo. Mas agora não. Mantive a calma, até por que não tenho certeza. E sinto um conforto.
Aquilo que a Rebeca sentiu quando perdeu a mãe, pois é, agora eu sei como é.
Algo que tenho que contar aqui. Não sei por que, mas Pedro tem andado muito estranho comigo. Não sei o que fiz. Nem quando fiz. Mas já tem alguns dias que quase não conversamos mais.
Começou antes do retiro da igreja. Ele não queria estudar mais comigo. Dizia que tava com preguiça, mas quando eu ia ver, estava no quarto dele estudando sozinho pra prova. Estou mesmo muito triste, por que, acho que ele não quer mais ser meu amigo.
E eu nem sei o que eu fiz…
Vou orar sobre isso, por que é como se eu tivesse perdido um irmão… E justo agora com todas as coisas e tudo o que tá acontecendo ele resolve me abandonar, ele nem sabe disso que contei aqui. Justo ele, meu companheiro inseparável.
Estou com medo de saber qual o problema dele. Tenho mesmo muito medo de descobrir que disse algo que o magoou muito. É fato, que a velha Stella tenta ressuscitar de vez em quando, mas peço tanto a Deus que me transforme, quero tanto ser parecida com ELE. Quero tanto que as pessoas me reconheçam como alguém que reflete Jesus, como a Rebeca.
O que será que meu amigo tem? Ai! Jesus me ajuda!
*
*
A carona chegou. Ora quem é, seu Antonio é claro.
Pedro e Gabriel de smokin e A Beca com um rosa bem suave. Não entendi essa do Pedro. Ele saiu do quarto me viu aqui escrevendo, ficou parado me olhando e disse: Stella…
“Sim?!”
“Hummm! Nada… É… o carro chegou!”
“Sim, eu já sei!”
“Então… vamos?!”
“Vou sim…! Daqui a pouco! O que você tem?!”
“Nada! Só estou com um pouco de sono!”
“Ah! tá bom! Já vou!”
“Te espero no carro!”
24 de março de 2011
Prometi que ia prestar atenção na aula de história, mas meu professor resolveu passar um filme e eu já vi esse filme.
Os quinze anos da filha do funcionário do papi, foi mais ou menos assim, uma bomba e ao mesmo tempo engraçado. Bomba e engraçado para mim, devo dizer que a festa estava linda, tudo do melhor, mas por algum motivo desconhecido eu não estava ali.
A coitadinha estava tão nervosa, não sei se emocionada, ou se muito cansada já, que quando fomos parabeniza-la não tivemos tempo, por que a própria foi mais rápida e nos parabenizou primeiro. A situação foi assim:
ANIVERSARIANTE: Parabéééééns!
REBECA:Obrigadaaaa! (Ela nem percebeu que quem tinha que dar os parabéns era ela, mas tudo bem).
PEDRO E GABRIEL: Hã?!
EU: Rs… Parabéns, feliz aniversário!
ANIVERSARIANTE: Ah! Obrigada! (Sem graça e vermelha coitadinha, depois de se tocar da mancada!”
Sem problemas, meu bem, a festa é sua, você pode dar quantas mancadas quiser, eu ri muito, mais da Rebeca que também não percebeu nada nem do que tinha feito.
Fomos nos sentar depois dessa. A secretaria do Papai estava na festa. Meu pai estava na festa. Eu estava na festa, mas a mamãe não. Havia uma mesa pra mim e meus amigos e uma mesa para papai, a secretaria, o pai da aniversariante e mais um monte de gente da empresa. Espera aí, era um aniversario ou uma reunião de negócios?
Fala sério! To amando a aula. Que chata que sou, sempre insistindo em ser antipática, mas voltando a historia…
Na minha mesa Gabriel e Beca sentaram primeiro, só sobrou lugar para mim e Pedro, ele não pareceu gostar nada, nada disso. Tentei não pensar o pior, talvez ele só quisesse conversar com o amigo dele. Mas não sei, ele estava mesmo muito estranho. Não tenho coragem de perguntar qual o problema dele. Houve um silencio daqueles meio eterno, até que resolvi quebrar o gelo:
“Bonita a festa, não está?!”
Ele confirmou com a cabeça. Deu raiva! Esperava um dialogo, tentei de novo.
“A gente vai ter simulado sábado, posso saber quando vamos estudar?”
Demorou, viu? Mas ele respondeu.
“Amanhã a tarde, quando chegarmos do colégio!”
“Ah! Que bom, eu to zerada em matemática! Me ajuda?!
“Sim , ajudo sim!”
Silencio.
*
*
Segundos depois…
“Pedro!”
“O que é senhorita, Stella?!”
“Não quero mais que me chame assim, você havia parado, voltou a me chamar assim por que?! Somos amigos agora, quando você me chama assim, fica parecendo que estamos em mundos distantes…
“E nós não estamos em mundos distantes?!”
“Não! Fazemos parte do mesmo Reino, o de Deus!”
“É verdade! Mas enquanto estivermos aqui na terra, ainda haverá diferenças!”
“Pedro, você é como se fosse parte da minha familia! Por favor, não me exclua da sua familia, é a primeira vez que me sinto parte de um lugar! Amigo, você está bem?!”
“Estou sim!”
“Pois não parece! Não está gostando da festa tanto quanto eu?!”
“É!”
“Olha… a gente pode ficar brincado de pegar o dedo polegar, que tal?!”
Ele sorriu.
“Não sou mais criança!”
“Ah! Fala sério, tem 16 anos, é sim!”
“Não quero!”
“Por favorrrrrr!”
Pára, menina chata!”
Começamos a rir e brincamos de pegar o dedo polegar.
Depois das solenidades, começou a balada e foi ai que meus problemas começaram.
Estavamos rindo e conversando nós quatro, o casal resolveu parar de nos excluir e entrou na conversa, dai um garoto (ownnn, diga-se de passagem muito lindooooo!). Se aproximou da mesa e pediu permissão a Pedro para que dançasse com a namorada dele.
“Ele…cof! cof! Não é minha namorada!”
“Não?! Melhor ainda… (Virou-se pra mim e disse) Você quer dançar?!”.
Rebeca me olhou com ar de se você for eu te mato!
Ai! Fazia tanto tempo que não tinha uma vida normal. Topei na hora.
Fui dançar com ele. nas nossas festas da igreja a gente dança, mas eu sentia falta da minha vida de São Paulo e aquilo parecia muito a minha vida de São Paulo. E era só dançar… não tinha nada haver, as vezes a Rebeca é tão radical! Tão radical! Bem, foi o que eu pensei na hora. Levantei e fui…
Ao som de Gaga me esbaldei de dançar… E o Henrique, o nome do cidadão, uns 15 minutos depois me pediu pra ficar com ele. Já que não tinha namorado… E ele, super saido ainda me confessou que mesmo que tivesse ia pedir pra ficar comigo de qualquer maneira, que era a garota mais bela da festa, mais até do que a aniversariante. E dançar tudo bem, mas eu não queria beijar ninguém, não por ser santa demais, mas por que realmente eu não queria beijar aquele garoto, não gostei muito de algumas coisas que disse, nem de algumas atitudes, eu só queria dançar mesmo, e meu amigo Pedro não ia querer, ele é crente, não faz essas coisas. Eu sei que Deus não se importa que a gente se divirta. Pelo menos achava que sabia…
“Fica comigo?!”
O fica comigo dele foi mais ou menos, eu te pergunto enquanto te roubo um beijo… mas, eu fui mais rapida, desviei. Disse que não queria. Ele disse: que não era um pedido e que se tinha topado dançar era por que queria mais do que isso. Disse a ele que só queria dançar. Ele disse pra eu parar de me fazer doce e beijá-lo logo.
“Eu não quero!E também não quero mais dançar com você!”
“Você é estúpida! Eu sou o cara mais bonito dessa festa, todas as garotas aqui estão loucas pra ficar comigo e você diz que não quer?!”
“Eu não! Você é estúpido! Acha que é de mais, faz o seguinte, fica com elas e mata esse desejo ardente do coração delas. Eu não quero! Entendeu?! Dê-se por agradecido deu te permitir dançar comigo!”
A essas alturas a conversa tinha saído do campo de audição meu e de Henrique e já tinha chegado aos dançarinos ao nosso redor. Soltei minhas mãos, que ele estava apertando e andei rápido em direção a mesa. Mal eu sabia que minha noite só estava começando…
25 de março de 2011
Voltei pra mesa e contei o acontecido, tendo que suportar o olhar da Beca me dizendo: “Eu avisei!” Eu podia ver a veia de Henrique pulando de onde eu estava. Fez uns sinais estranhos com os olhos e com as mãos para alguns garotos (Provérbios 6,13). Pedro e Gabriel se entreolharam enquanto papai se aproximava da mesa.
“O que aconteceu, Stella?!” Perguntou papai.
“Naaa…!” Olhei para Beca, enquanto a sirene sinalizando que eu estava prestes a mentir soou.
Ela me olhou sério.
“Nada, papai!”
“Não minta pra mim conheço, você!”
Rebeca me lançou outra vez aquele olhar de: “eu te avisei!”
Arrrg! As vezes ela me irrita!
“Aquele cidadão queria me beijar e eu não quis!”
“Escute mocinha… eu não trouxe você aqui para arrumar confusão, está certo?!”
Quando ele usa esse “mocinha” é sinal de: converso com você em casa.
Tentei argumentar: “mas pap…!”
“Sem mais, Stella Moraes, (ele disse meu segundo nome, to encrencada! Pensei!)” papai se virou pra Gabriel:” as chaves, vão para casa. Lá conversamos, Stella.
Que raivaaaaaa! O cara tenta me agarrar e eu é que sou a causadora da confusão? Tá, eu causei mesmo, não tinha nada que ter ido matar as saudades da minha vida mundana.
A atitude do papai me deixou feliz de certa forma, estava mesmo achando a festa entediante. Se bem que, nós quatro nem imaginamos, como estávamos seguros lá.
Eu simplesmente havia atiçado a fúria de um bad..bad…muit bad..boy e nem sonhava com isso.
Saímos da festa. Mas quando chegamos na garagem…
“Ei! Stella! Você acha mesmo que vai embora sem me dar o meu beijo?!”
Gabriel se meteu: “amigo, ela não quer beijá-lo e nós já estávamos indo embora!”
Tinham mais três garotos além do Henrique, eram quatro por quatro, no nosso time tinham duas mulheres, somos frágeis e estavamos em desvantagem, mas eu ainda lembrava como puxar pelos cabelos.
“Vocês podem ir embora, eu não quero nada com vocês, mas ela só vai depois do meu beijo!”
Olhei pra Beca, ela estava de cabeça baixa e movia lentamente os lábios, ela estava orando, era o que eu devia fazer também, mas depois de ter causado tudo aquilo, senti tanta vergonha de Deus. Fiquei muito triste nesse momento. Decepcionei Deus e ainda meti minha família em confusão. Foi quando vi Gabriel e Pedro cerrando os punhos e se preparando para a briga. O bando de lá e de cá se duelavam, não se moviam, dava pra ouvir respirações ofegantes. Fiquei arrasada, a culpa era minha ninguém tinha que ter nenhum problema por minha causa, sei que os meninos odiariam ter que brigar, não era justo.
“Por favor! Não briguem! Eu beijo você. Se é só isso que vai fazer a gente ir embora daqui, eu bei…!”
Eu não terminei de falar ouvi uma voz furiosa na minha frente dizer: “entra no carro, Stella!”
“Mas, Pedro…!”
“Entra no carro, você e a Beca!”
Ainda tentei dizer alguma coisa, mas a Beca me pegou pela mão e me puxou pro carro, enquanto eles continuavam lá, se mirando!”
Henrique berrou: “Isso não é da conta de vocês!”
“É sim, é da nossa conta sim!”
Gabriel mexeu as mãos pra nós dentro do carro. E Rebeca abriu levemente as travas. Ele olhou pra Pedro. Pisou pra frente e ambos correram pra em direção ao carro, fechando as trancas e ligando os motores enquanto os garotos do bando do Henrique voaram pra cima. Mas não tiveram coragem de se meter na frente do carro, com Gabriel arrancando com tudo e saindo cantando pneus. Ele correram atrás de nós, mas já era tarde, fomos embora de lá.
Estávamos salvos. Mas permita que eu abra um parêntese. Gabriel e Pedro não estavam com medo de apanhar, estavam com medo de bater. Acostumados a laçar boi na fazenda e matar cobra com vara, dificilmente perderiam aquela briga pra quatro playboyzinhos mimados.
A grande questão de tudo é que, como garotos ensinados na Palavra de Deus, eles não pretendiam mesmo ganhar briga nenhuma. O que lhes tocava ao coração é manter a paz de espírito que teriam preservando o nome de Cristo.
Quanto a mim, sei a bronca que ia levar dos três. Bronca merecida por sinal. Desobedeci meu Deus e ainda quase faço meus irmão pecarem. A Palavra de Deus tem razão quando faço algo só que desagrada a Deus, prejudico todo o corpo. Chegamos em casa. Estávamos todos num silencio absurdo e eu com tanta vergonha…
Entramos em casa, fui pra cozinha beber água, os três ficaram na sala cochichando, “depois de hoje, nunca mais vão querer sair comigo”, pensei, “devem me odiar!”.
Dei boa noite a eles e agradeci pela proteção deles e fui pro meu quarto, arrasada, chorei a noite toda. Dançar com aquele garoto teve um preço alto…
5 de abril de 2011.
Sei que tenho que contar ainda o fim daquela historia, diário, me perdoe, provas simulados e tantas coisas, fiquei fora do ar, mas vamos lá.
Quando acordei naquela manhã, Rebeca estava sentada na beira da minha cama.
“Bom dia!”
“Booommm… dia?”
“Sei o que está pensando, Stella. Acha que estamos com raiva de você!”
Eu detesto como ela parece que lê a minha mente…
“Não estão?!”
“Não, nós não estamos! Nem eu e nem Gabriel. Você errou sim, mas não poderíamos esperar nada diferente de um bebe espiritual. No seu processo de aprender a andar sozinha, você terá quedas!”
Ai! Essa doeu, “bebê espiritual”, que tapa. Fiquei calada, afinal eu merecia.
“Tá!”
“Eu e Gabriel não estamos com raiva de você, mas eu não falei nada sobre o Pedro”.
“Pedro está com raiva de mim?!”
“Não é bem raiva, é mais decepcionado”
“Ele anda mesmo estranho comigo, ultimamente! Eu não fiz nada!”
“Tem certeza?!”
“Tenho!”
“Hummmm! Então tá!”
“Por que ele tá chateado comigo?!”
“Pergunte pra ele!”
“Ora isso! Rebeca! Facilita ai, vai?! Diz logo!”.
“Nem pensar! Sei guardar! Sei guarda segredos! E eu não vou te contar!
“Aff! Ok! Vou falar com ele, ok? Satisfeita?!”
Levantei, tomei café e fui até o quarto dele. Bati na porta mas ninguém falou nada, e como estava entre aberta e meu ego ainda toma conta de mim, entrei.
“Pedro…?!”
E foi ai, que peguei o maior susto da minha vida. Meus olhos encheram de lágrimas… lá estava…
6 de abril de 2011
Ver todas aquelas fotos, me deixou assustada e ao mesmo tempo emocionada. Poderia passar qualquer coisa pela minha mente, mas nunca passaria que meu melhor amigo, tivesse tantas fotografias nossas e minhas em momentos muitos engraçados que tivemos. Mas o que me deixou mais surpresa, foi uma em especial: era uma foto minha… estava destacadas das demais… e envolta de um coração, bem na direção da cama dele.
Como? Como era possível que isso tivesse acontecido… praticamente eu sou tão diferente dele, parecia mesmo me achar uma chata algumas vezes. Foi uma sensação diferente. Vi a foto que tiramos na grama do colégio… nós dois parecemos nos divertir muito nela… eu acho que foi um dia, em que passamos o dia avacalhando com a cara um do outro…
Eu não sei quanto tempo estava olhando aquelas fotos… Mas sei que foi um momento único, de descobrir um novo sentimento que nem eu mesma sabia que existia. Mas, tudo durou muito pouco, fui interrompida por uma voz doce e um olhar triste que estava bem atrás de mim…
“Agora, você já sabe…”
“Me perdoe… ter entrado…”
“Tudo bem, mais cedo ou mais tarde, você ia saber… mesmo…”
Silencio.
*
*
“Por que não me contou?”
“Stella, eu…
Fomos interrompidos.
Meu pai me chamou e eu tive que ir atende-lo…
“Me perdoe, depois conversamos…!”
10 de abril de 2011
Esse fim de semana Pedro está na fazenda com a avó dele, volta hoje a noite. Mas ainda não conseguimos nos falar direito. Ele está me evitando e não faço idéia do porquê.
No dia seguinte a descoberta das fotos, quando Beca e eu estávamos saindo para ir ao colégio, descobri no carro que Pedro não ia mais com a gente.
“Onde está Pedro? Ele não vai a aula, hoje?
Rebeca fez um “éééé…” meio longo e eu vi que tinha coisa errada…
“O que foi, Beca? O que houve?”
Demora…
“Não se preocupe… Pedro irá a aula!”
“E por que não vai com a gente?!”
Demora…
Mais demora…
“Vamo, Rebeca fala logo, que raio!”
“Ele vai de lá da casa da titia!”
“Casa da titia? Mas…”
“Stella, ele saiu daqui!”
“Como é?!”
“ele foi morar na casa da nossa tia!”
“Por que? O que foi que aconteceu?! Por que ele nem se despediu de mim?!”
“Stella, escuta! Será que não percebe?!
Olha pra você, olha pra ele… Você ainda é a filha do patrão do nosso pai!”
“Beca, eu…!”
“E ainda vai haver muitas diferenças entre vocês e mais, agora que você já sabe, como você acha que vai ser a amizade de vocês dois, hã?! Ele sabe que não tem chance alguma e mesmo que tivesse, vocês dois não podem ficar mais de baixo do mesmo teto!”
“Por que, não?!”
“Por que vão se machucar muito!”
Seu Antonio entrou no carro, viu minha cara espantada e perguntou se tava tudo bem. Eu acho que disse que sim, não lembro… que coisa horrível, quando um amigo que a gente gosta tanto resolve gostar dessa forma da gente, que raio!
Chegamos a escola, Pedro estava lá, ele não acorda ele simplesmente madruga… Estava sentado com um amigo.. e meu lado da carteira estava vazio… que cara estúpido! O que ele tá fazendo não tem nada haver… E foi um tédio, por que… não tinha mais as brincadeira sobre as calças estranhas do professor, ou os trocadilhos com a matéria e… e as vezes que queria fazer uma brincadeira sobre algum coisa e olhava pro lado e não tinha ninguém..ninguém mesmo..
Na hora do intervalo estava tão triste, que resolvi não sair da sala para ir comer algo. Foi quando ele veio falar comigo e perguntar se estava bem e disse que estava e ele foi embora, como se já tivesse mesmo cumprido com seu papel de bom amigo. Ai! que droga! Tá ficando tudo tão estranho…
14 de abril de 2011
Meu diário tem poucas páginas apenas… Está quase acabando, mas acho que ainda dá pra escrever algo como o que aconteceu segunda feira. O dia feliz da minha vida e o dia triste….
Pedro se aproximou… e sentou ao meu lado…
“Não tinha outro amigo?!” Perguntei “Porque está sentando, aqui?!”
“Eu senti falta de uma amizade melhor!”
“Hummm!”
“Stella, eu estava muito triste com você e acho que não disse o motivo..! Sei que devo ter causado muitas coisas na sua cabeça… mas…
…é que fiquei morto de ciúmes por você ter dito aquele playboy do Henrique que o beijava!”
“Ainda isso?! Em primeiro lugar eu não queria beijá-lo, só não queria mais dar problemas a vocês… em segundo lugar, ainda que quisesse, eu não só não sabia de seus… é… sentimentos?
Como também, nós não tínhamos nada e… bem… na verdade… nós continuamos não tendo…”
“Eu sei, me perdoe, deixei meu ciúme falar alto e… bem… me perdoe…”
“Tudo bem…!”
“Acho que, nós não terminamos aquela conversa…!Eu sei que não há possibilidades de você, sei lá… sentir algo além de amizade por mim, mas… eu queria pedir a você que não mude comigo, que preservemos pelo menos nossa amizade!”
Foi então que eu ri…
“Pedro…
é que…
eu gosto de você…!
Quer dizer eu, não tinha pensado nisso antes, mas eu gosto de saber que você gosta de mim e… tenho pensado em tudo o que tem acontecido esses dias… e pensado muito em você e em tudo o que vivemos em nossa amizade até agora!”
Ele me olhou como se não acreditasse no que estava ouvindo!
“Mas…
eu não preciso dizer, você com certeza sabe que, somos muito novos ainda e se quisemos agradar a Deus,é melhor que guardemos nosso coração NELE e esperarmos, pelo tempo certo!”
“É! Eu sei!”
“Concorda comigo?!”
“Claro que sim, até por que eu sei o que eu quero e não vou deixar que isso se perca!”
“Eu também sei… é como se… esse sentimento tivesse sido implantado dentro de mim, mas… desde que Deus me converteu, não tenho tido muitas decisões certas na minha vida e ainda há muito em mim que precisa ser mudado, que essa seja minha primeira decisão correta… Colocar meu sentimentos nas mãos de Deus!”
“EU, também quero isso, como Rebeca e Gabriel!”
“Isso! Como Rebeca e Gabriel!”
“Além do mais, eu não tenho nada pra oferecer a você, eu preciso estudar e trabalhar pra poder te dar tudo o que você sempre teve e não sentir falta de nada!”
“Eu realmente não to preocupada com isso!”
“Você não, mas eu sim, e seu pai também vai estar!”
“Eu vou esperar!”
Eu também vou!”
Owwwwnnnnn! Foi lindooooooo, um dia lindo na minha vida. Eu sou amada e ele vai esperar por miiimmmmm! Que sonho, sem contar que ele é lindooo!
Essa foi a parte boa da historia… a parte ruim vem agora…
Papai saiu de casa…pediu o divorcio a minha mãe, sinto como se tivessem me arrancado algo, mamãe está desolada, sem entender por quê, mas eu acho que sei o motivo…
Capitulo 9: Uma Garota Cristã
28 de abril de 2011
Mamãe ainda não se recuperou da saida de papai de casa. Pra falar a verdade, o que me dói mais é ver em que estado ela se encontra. Rebeca tem sido, não só uma excelete amiga, como uma boa filha pra minha mãe e tem me ensinado a ser também. Ontem tivemos que dar banho nela, fazia três dias que não saia da cama pra nada. Honestamente a situação tá tão complicada que já tive vontade de chamar meu pai pra dizer uns desaforos a ele. Obvio que contei a Beca e Beca não permitiu.
Pedro está na casa da tia, mas está sabendo de tudo o que acontece por aqui. Conversamos muito na escola e.. aiinnnn, ele tem sido tãão, mas tãão fofoooo. Foi super carinhoso comigo. Acho que agora entramos em um acordo de que nos gostamos, mas não somos namorados e continuamos amigos, para permitir que Deus faça a vontade DELE em nossa vida.
Estava lendo os primeiros dias desse diário e é assombroso as coisas que escrevo no inicio dele. É estranho ler algo que você escreveu meses atrás, você não se reconhece, é como se aquele ser nem fosse você. Dadas as circunstancias, tomei certas decisões em minha vida e devo confessar que: embora tenha mesmo aceitado Jesus como meu Salvador, ainda não o aceitei como meu Senhor. Até por que, algumas decisões da minha vida eu mesma, tenho tomado e isso tem mesmo me diferenciado de quem sou e de quem Rebeca, uma garota de fato cristã, é.
Não adianta! Ela é meu molde! E me espelho nela… Vejo como em tantas coisas que já a vi passar Deus tem sido com ela e não sei por que, parece que comigo é diferente. Acho fantástico ouvi-la dizer: “Deus falou comigo tal e tal coisa!” quando parece que ELE não me ouve…
Diante da dor da minha mãe e dessas circunstâncias eu decidi: irei me batizar e assumir um compromisso com Deus,da qual não vou voltar atrás, mudarei minhas roupas por roupas sem sensualidade, ainda visto algumas, trocarei minhas músicas e dedicarei mais minha vida a leitura da palavra e oração. Quanto a mamãe, perguntei a Rebeca como se faz um jejum. Ela me disse que devia me abster de alimento ou algo que me toma tempo com Deus como internet. Perguntei sobre o jejum de Jesus, como ele ficou 40 dias sem comer. Ele era mesmo Deus! Só assim! ela me disse que posso fazer jejum de 40 dias, de alguma coisa e será mesmo assim muito dificil. Perguntei por que? Ela me disse que se decidi, vou ver.
Bem, faço hoje um jejum de 40 dias de refrigerante e carne em favor da vida da minha mãe. Pra que ela saia dessa dor que lhe deixa prostrada. 40 dias em favor do quebrantamento do meu pai, acho que é assim que fala. 40 dias em favor da minha vida com Deus, pra que eu tenha um coração transformado e me torne uma garota verdadeiramente cristã. 40 dias em prol de mim, mamãe e papai. Que Deus me ajude!
4 de maio de 2011
Jesus me salvaaaaaaaaa! Todo o contigente de aves sumiu do mapa, só tem carne, carne, carneeeeee. Pra tudo quanto lado que eu vou. Aqui em casa nem fazem mais carne e frango, ou carne e peixe, só carneeeeeeeeee. OH! MY GOD! HEEEEEEEEEELP MEEEEEEE! Ninguém em disse que era assim tão difícil! Ops! A Beca disse!
Socorrrrrrrrrro alguém. Eu me odeio, eu não como camarões, nem como carangueijo, nem como nada só carne e frango e o frango sumiu do mapa. Além disso, em toda a minha vida, nunca recebi tantos convites para ir em churrascarias, alguém tá sempre me oferecendo alguma coisa. Outro dia, eu quase mordo o X-eggs-filé do meu amigo Gabriel. Gente! Quê, quê isso?
Conversei com a Beca, ela me disse que até que se cumprisse os dias do meu propósito, eu seria tentada a não cumprir meu voto a Deus. Jesus amado! Me dá forças, me ajuda a fazer isso.
Hoje sai com papai pra vermos a produtora que irá cuidar da minha festa de quinze anos final desse ano e pasmem, me perguntaram se queria um lanchinho de queijo. Eu disse que sim, acontece que o lanche de queijo tinha pedaços de carne.. gritandoooo. Eu tava morta de fome… e o pior foi ser mal educada, na frente dela e dizer, sinto muito mas não irei comer mais o lanche. Bem, ela nem ligou, acho que as outras meninas que ela atende fazem isso o tempo todo.
Ai! Não gosto de fazer ninguém de besta! Tá eu gostava, um dia, mas isso foi há dois meses, antes de eu encontrar Jesus. Tá ok! Me perdoe Senhor, eu sei que devo ter um coração grato. Eu não odeio meu jejum, não detesto sacrificar nada pelo Senhor, levando em conta que o Senhor sacrificou tanto por mim. Brigada por tudo, que tu tens feito na minha vida.
6 de maio de 2011
Hoje conversei com Rebeca e ela me disse algumas coisas… muito legais…além de que oramos juntas. Disse a ela como ela era referencial pra mim e ela me disse que tem erros e falhas, mas que luta pra que chegue a estatura de varoa perfeita. Que quero um dia ouvir a voz de Deus como a Beca ouve. Acho lindo ouvi-la dizer: “Deus falou comigo assim e assim! E isso e aquilo”.
Na escola, não consigo pensar em outra coisa que não seja minha mãe. Tentei conversar com papai sobre isso. Mas, ele está irredutível. Rebeca e eu temos dado banho nela todos os dias. E seu Antonio, tem nos levado ao médico e em todos os lugares necessários. Papai manda dinheiro por ele, sempre, nos deixou com a casa, mas acontece que essa casa não é nossa, é da empresa. O pior de tudo, domingo agora é dia das mães e ela está desse jeito. Só Deus pra me ajudar.
Hoje comecei a ler um livro da Biblia, Rebeca me indicou ler todo o evangelho. Ela disse que Aquele que ama Jesus deve guardar os mandamentos DELE e ela me disse que não há como guardar os mandamentos DELE se eu não conhecê-los. Estou amando ler a historia de Jesus. Cada página, é linda. Cada atitude de Jesus é tão perfeita! Ele é lindooooo. To amando descobrir quem é o Senhor que decidir seguir. Fico triste as vezes, mas no final da tardinha Pedro sempre me liga e conversamos, ele tem me dado um apoio tão grande nessa fase.
Sabe, cada dia que passa gosto mais dele. E quando olho pra ele, tenho certeza que ele é alguém que ama Jesus, por que ele parece bem com o que leio na Biblia sobre Jesus. Ele é humilde e manso… amo falar com ele, parece que tudo some e só fica a gente… Quando penso nisso, penso cada vez mais que vale a pena esperar e fortalecer nossa amizade. Sabe, diário, vi uma frase linda hoje no twitter da @garotacrista que fala sobre isso: “antes de namorar seja amiga, não há marido que não seja namorado e namorado que não seja amigo”, bem acho que foi isso, num lembro direito, mas era lindo do mesmo jeito.
Tem coisas que fico pensando sobre o que ela escreve. As vezes parece que a conheço. Sinto que há algo de muito especial por de trás desse twitter. É como se eu tivesse haver com ele, não sei. Fico observando minha vida e, honestamente, as vezes parece que saí das páginas de algum livro. Eu não pareço mesmo existir, minha vida é tão… como posso dizer.. surreal. Acho que alguém em algum lugar escreve sobre mim… Acho que Deus roteiriza a minha vida… é a única explicação pra coisas tão diferentes na minha vida, acontecerem.
*
*
Vendo fotos de uns meses atrás acabo de ver uma em especial: Efésios, meu cavalo lindoooo. Sinto tanta falta dele. Meu amigo. Queria tanto estar lá e ajudar a domá-lo, e a montá-lo de novo. Eu acho que ele gosta de mim. Não sei por que, mas acho.
Esse final de semana vamos pra fazenda. Onde tudo isso aqui começou. Quero que mamãe descanse e tente esquecer o que passou. O papai está mexendo com a papelada do divorcio e um tempo dessa cidade aqui vai ser muito bom pra ela.
7 de maio de 1011
Essa manhã, mamãe levantou da cama e tomou o banho sozinha. Quando entrou na sala era a minha mãe de novo.
“Stella!”
“Mãããããeeee?!”
Fiquei super feliz de vê-la daquele jeito.
“Querida! Quero que peça por seu pai vir aqui, vou assinar a papelada do divorcio. Final de semana quero ir a igreja, com você!”
“Sim, claro que sim! Mas nós não vamos viajar?!”
“Vamos, mas a gente pode ir na igreja lá de perto do Aras!”
“Tudo bem, mãe, vamos sim!”
Ai! Jesus que bom que ela levantou, fico feliz com isso. É horrível ver a mãe da gente desmontando!”
*
*
Estamos na estrada. Pedro e Gabriel vão de ônibus. Nós estamos indo de carro. Estou no twitter. Embora tenha muita coisa pra estudar. Vou correndo ver o Efésios Amo aquele cavalo. Seu Antonio dirige, eu vou do lado dele. Rebeca e mamãe vão no banco atrás dormindo.
Elas sempre dormem em viagens pra lá, incrível! Creio que precisamos desse tempo sem o papai, ali naquele lugar. Embora a situação esteja chata, sei que Deus vai fazer algo em nossas vidas.
Chegamos, fui ver o Efésios, é fantástico como ele tá lindooo. Parece que também ficou feliz em me ver…
Acabei de voltar da igreja e a Palavra foi super ungida e quando terminou o pastor perguntou se alguém queria aceitar Jesus ou se reconciliar e mamãe levantou a mão, chorando muito e eu chorei também. Já tomada a decisão de me batizar. Amanhã de manhã será meu batismo, no Igarapé* aqui perto, a congregação da igrejinha toda estará lá. Estou tão ansiosa… me disseram que o batismo é um novo nascimento. Amanhã a essas alturas, já serei uma nova criatura. Ownnnnnn! Isso me dá tanta alegria.
*
*
Madrugada. Estamos na varanda ainda, os meninos estavam tocando muitos louvores e a Rebeca cantando, eu não sei cantar nenhum deles, ainda. Mamãe os acompanhava e chorava muito. Daqui a pouco tem oração.
8 de maio de 2011
Fizemos um lindo café da manhã pra mamãe, todos nós aqui: Beca, Pedro, Gabriel, S. Antonio e eu. Rebeca fez mamãe chorar, quando disse a ela, que sentia como se tivesse de novo uma mãe. Eu fiz mamãe chorar quando disse a ela, que sentia como se agora eu tivesse mesmo uma mãe e dei parabéns as duas, minha biomãe e minha mãe espiritual. Que minha vida, não existiria sem nenhuma das duas, uma me trouxe a vida, e a outra me fez conhecer a verdadeira vida. Foi uma choradeira só, depois fomos todos pra igreja, pra que eu fosse batizada.
Meu novo nascimento aconteceu hoje. Incrível! existe uma diferença enorme entre entrar na água e sair. Eu senti. Senti aquilo que Rebeca diz sentir. A presença de Deus que ela tanta fala, é tão real, é tão gostoso.
Teve festa aqui em casa, na casa do aras.
E foi tudo tão perfeito, é como se, mesmo estando de baixo de uma situação triste eu estivesse feliz. Engraçado, que em São Paulo, quando ainda não era cristã, eu tinha minha família completa, minhas amigas de infância, e tudo mais que eu queria. Era a garota mais popular do colégio, hoje sou a mais detestada, por que ando com cristãos e por que sou cristã. E aparentemente tinha tudo o que alguém podia querer, mas era tão infeliz, hoje, minha vida tá uma bagunça e mesmo assim, estou em paz.
Entendo o que a @garotacrista quer dizer quando diz: “a maior tristeza ao lado de Deus é mais feliz que a maior alegria sem Deus por perto!”. Entendo perfeitamente, por que tenho vivido isso. Bem, quanto a meus pais, não sei o que acontecerá, mas sei que isso que aconteceu era necessário acontecer, pra que mamãe finalmente tomasse uma decisão. Ela queria Deus, mas queria algumas coisas que Deus não quer, da mesma forma como eu também. Mas o legal de tudo é que, nós duas tomamos uma decisão.
Rebeca me ensina que nada do que acontece, acontece sem a permissão de Deus e que Deus sempre tem algo a me ensinar sobre aquilo. O que acontece agora? Eu não sei. Mas sei que nunca me senti tão amada como hoje me senti, ao sair daquelas águas. Eu realmente nasci de novo.
Quando li o inicio desse diário vi algo que jamais havia visto antes. Quando fui tirada de São Paulo contra a minha própria vontade, estava prestes a perder a virgindade com um dos riquinhos da minha escola. E fui tirada de lá, aborrecida e chateada. Chorando, achando que seria o fim do mundo. Mas quando penso no dia lindo e fantástico que tive ontem, vejo que essa foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. E vejo o cuidado de Deus por mim. Por que eu bem podia ter permanecido lá, na escuridão, nas trevas, mas, Deus colocou pessoas ao meu redor que eram luz, pra que pudessem iluminar as trevas que haviam em mim e em minha mãe. Foi doloroso pra mim, perder Tammy, mas foi após ver minha amiga partir que tive a revelação de que Deus é real. Não está sendo fácil pra mamãe ver papai ir embora, mas ela mesmo sabe e disse, que Deus está no controle de tudo e que quer ter conserto com ela.
Arrependimento, a palavra correta, a mudança de vida, a decisão pelo que é certo, bom, puro e santo e a rejeição de tudo aquilo que nos afastava de Deus. Se isso aqui fosse um livro e tivesse que dar um final feliz a ele, com certeza não seria um beijo de amor no Pedro. Somos muito novos ainda. E temos mesmo que nos preservar santos para a glória de Deus e nós dois sabemos disso. Sinceramente, não tem final mais feliz do que esse: o de ter encontrado Jesus na minha vida. Toda a reviravolta da minha vida foi a mão de Deus me trazendo pra ele. Minha historia, é a historia de um Pai, atraindo desesperado de amor com cordas, uma filha, prestes a cair no precipício. E era onde iria cair, se tivesse continuado com as amizades que me afastavam de Deus, que me ensinavam a usar drogas, que me incentivavam a transar tendo apenas 14 anos, como se fosse um ritual de passagem e que ainda chamávamos de batismo. Batismo mesmo foi o que tive aqui, nessa igrejinha pequena, naquele igarapé, isso sim, foi um batismo e melhor o ritual de passagem que pude ter em minha vida, o de passagem da morte para a vida eterna.
Eu fico aqui olhando o campo, vendo o sol se por aos pouquinhos, percebendo em cada maravilha da natureza como fui tola em não ver como Deus é perfeito, e pensando em tudo enquanto escrevo. Sentindo esse vento batendo na minha pele e me sentindo livre. Livre como nunca me senti, respirando de verdade. Pensando que, se tivesse que dar um final feliz pra uma historia, esse já seria sem duvida o melhor final: por que conheci pessoas como seu Antonio, que é um homem muito abençoado de Deus, Rebeca, essa sim é minha melhor amiga, ela lutou pela minha vida em oração diante de Deus e foi quem trouxe pra mim a Palavra de Salvação. Agradeço a Deus por ter encontrado alguém como Pedro, que me ama de verdade, que não está interessado em meu corpo… mas em cativar o sentimento mais puro, que duas pessoas podem ter entre si. E por conhecer Gabriel, meu amigo, um irmão, que está sempre por perto, protegendo, e fazendo frente a toda e qualquer pessoa que tente me fazer mal, como ele fez, quando aquele menino quis me beijar a força.
Agradecer a Deus por ter me dado um cavalo tão lindo, que mesmo rabugento com o mundo, me salvou de morrer picada por uma cobra venenosa. Agradeço a Deus pela vida do meu pai, por que sei que Deus fará algo em prol dele também.
Honestamente, fico feliz que esse diário acabe. Ele que foi meu companheiro durante muito tempo, não tem mais necessidade de existir. Eu comecei este diário dizendo: “querido diário”. Hoje, me pego não falando mais com ele, mas com Jesus. E tem mais? Por que escrever a minha vida agora, se agora sei que ela está sendo narrada nos céus? Pensando por esse lado não teria mais diários. Mas eu ainda amo muito escrever e só por isso comprarei outro e também, penso nas pessoas futuras, que quando acharem meu diário vão poder se deparar com a minha historia. A história de uma garota cristã, e pode ser que alguém do futuro que leia, creia em Deus, no que ELE fez na minha vida e seja salva. Só por isso continuarei comprando diários, mas não direi mais “querido diário” por que agora consigo dizer “querido Deus”.
Sinto muito dizer, diário, mas te direi adeus, você foi bom pra mim enquanto eu me sentia super sozinha e não tinha ninguém com quem contar. Mas agora, tenho Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Não escreverei mais diários, escreverei cartas para meu Criador, lindo e que me salvou de tudo o que era mau. Obrigada por me trazer pra Ti, Senhor. Obrigada por ter me arrancado do inferno. O Senhor é bom e Tua misericórdia dura para sempre. Quero te amar Senhor, de Todo o meu Coração.
Beijos Senhor, da sua mais nova filha, Stella.
P.S.: meu jejum continua, minha vida continua, a escola continua, familia e amigos continua…
… Jesus é eterno e também me fará assim… A Paz de Cristo a todo as pessoas que encontrarem esse diário enterrado no quintal desse aras. Amém.
Fim do Primeiro Volume.
Volume 2: A garota Cristã: Querido Deus.
Amei, amei esse livro *------------*
ResponderExcluirLer sobre como é maravilhoso descer sobre as águas, me fez tomar logo de vez a decisão de batizar. Apesar que eu não vivi nadinha do que a Stella passou,mas eu guardo essa história como um exemplo para mim .
Nossa, amei o livro!
ResponderExcluirLinda história, e me fez refletir sobre algumas atitudes minhas como cristã. Adorei, super edificante.
Paz do Senhor.
Olá @garotacrista
ResponderExcluirSou o Lord Arcanjo do @asvozesdopensar
Muito bom tudo o que li... nos visite tb...
Que Deus possa lhe fortalecer e abençoar todos os dias de sua vida.
Guarde seu coração e aguarde no Senhor que no mais, tudo Ele fará.
Meu, não acreditei que isso era um livro kkkkkkkkk Amei. Sou cristão e esse livro é um grande aprendizado para minha vida espiritual. Serei eternamente grato a Deus por ter me conduzido a esse esse post e livro. Sinceramente meu coração está confortado pelo Espirito Santo, agradeço a vocês também e espero que não parem por ai e continue a história de Stella Carvalho de Moraes.
ResponderExcluirA paz de nosso Senhor Jesus esteja convosco todos os dias, até a consumação dos séculos, muito obrigado por Deus fazer vocês existirem. kkkkk
Beijos e abraços.
Nossa é d+++++++++!Esse livro,muitoooo abençoado,Amei*_*
ResponderExcluirMuito edificante,escrevam logo o outro,é realmente lindoo,achei o blog de vcs pelo twitter e me apaixonei,muito abençoado,só que não consegui seguir pela conta do google(vinculada ao blogger)é que eu tenho um blog e entro todos os dias para ver as atualizaçãoes dos blogs que eu sigoe ficaria mais fácil para acompanhar os posts novos se desse para seguir o blog de vcs pelo google,se der me avisem por favor?
larissa_gcs@hotmail.com (e-mail e msn,pode me adicionar se quiserque eu aceito tá?)
e meu blog,se vc puder da uma passadinha lá e deixa um comentário
http://palavrasdeumagarotaincomum.blogspot.com/
espero que goste,eu tembém sou cristã evangélica e amo escrever para Deus e sobre Ele!
A paz do Senhor e parabéns pelo lindo blog,bjos.
Ameeei! esperando ansiosamente pelo volume 2... por acaso esse livro já tá disponível para venda? eu queria ele pra emprestar pra umas amigas q naum têm net em casa...
ResponderExcluirEu simplesmente me emocionei com a história da Stella. Mas conta mais... a história é real? Foi vc quem escreveu? Onde posso conseguir o segundo livro?
ResponderExcluirBeijos
O seu site faz a diferença, acredite.
Stella, que história é essa? Andou vasculhando o meu diário? kkk...
ResponderExcluirNão cheguei a drogas e outras coisas tão negras, mas minha aceitação a Jesus aconteceu praticamente da mesma forma. Criticava a fé dos cristãos e não entendia a bondade excessiva deles com todos. Mas sempre queria saber mais e mais do porque eles serem assim e sobre esta fé 'estranha' para mim.
Obrigada Garota Cristã! Uma história de aceitação e transformação!
Deus abençõe muitas vidas com este diário...^^
Galera obrigada pelos comentarios. Tirando algumas duvidas, essa hsitória é ficção, mas claro a gente sempre aproveita um e outro lance que aconteceu na vida mesmo pra enfatizar a historia. Não a historia da Stella não é a minha historia, não sou rica, mas sim, eu era pobre de espirito e não tinha Deus. Não eu não era alguem que n cria em Deus, eu cria, mas o achava distante.
ResponderExcluirStella é um persoangem que criei para contar fatos e outros acontecimentos que envolvem a vida de uma adolescente e de uma adolescente cristã. Ia começar a cotnar a historia com ela sendo crente, mas O Papai disse: "não! uma historia com Deus começa na conversão e dai por diante. Mais duvidas deixem aqui que irei respondendo aos poucos. bejocas.
Muito bom mesmo essa história, se essa Stella existisse ia com certeza parabeniza-la por ter feito a melhor escolha de sua vida, mais parabenizo a sua vida que escreveu, por meio dessa história muitas adolescentes podem se espelhar e decidirem ser salvas, assim como eu fui... Comecei a ir a Igreja mais detestava ir lá, achava que ninguém gostava de mim ali, hoje depois de ver as mudanças em minha vida, não saiu mais de lá, gostaria muito que tivesse cultos cheios todos os dias, mais como poucas pessoas pensam assim, poucas pessoas vão nos cultos de semana, mais eu sempre estou lá, claro que tem dias que você não quer sair de casa, mais mesmo assim estou lá, e sempre saiu feliz... Podem acontecer coisas que não nos agradem mais vamos pensar, se nos agradassem agradaria também a Deus, se Ele não permitiu é porque não agradou!!! Pensem novos Cristãos e andem na vontade de Deus, Esperar é a Melhor Coisa... Sou Baterista e sempre estou Esperando em Deus para as Sabedorias os entendimentos, e agora estou com um Proposito na minha vida, ESPERA SEMPRE (YN' DEUS SABE A HORA CERTA.. Beijos Naate se quiserem me conhecer, segue lá no twitter ( @nlowfetyneagol ou @JovensEm_Cristo ) estou esperando..! Fiquem na Paz do nosso Senhor Jesus!
ResponderExcluirOi amei o livro, gostaria de saber qd o volume 2 estará disponivel?????
ResponderExcluirem novembro agora o garota crista 2, vai sair. bejocas
ResponderExcluireste livro é realmente uma benção, muito edificante que Deus possa falar a muitas pessoas a través dele como falou comigo... shalon ... PARABÉNS @garotacristã continue sendo benção em nossas vidas ^^
ResponderExcluirMuito lindo o livro!Parabéns a escritora!Li tudo em um único dia ,a historia e muito envolvente e condiz muito com coisas que as adolescentes cristãs enfrentam...
ResponderExcluirAgora vou lá conferir a continuação!
Abraços e que Deus continue dando mais conhecimento,ousadia e sabedoria para que vocês possam continuar a escrever coisas edificantes.
Abraços,tudo de bom :)
Nossa, o que dizer ? Simplesmente sem palavras. Esse livro me ajudou a abrir os meus olhos e enxergar novas coisas que agradam a Deus. Que o Deus Pai possa continuar a iluminar a vida de vocês, para que possam transmitir algo tão maravilhoso aos que precisam.
ResponderExcluirmeu deus q bençao este livro nossa amei ,amei se a stella fosse real com certeza gostaria de parabeniza-la pela escolha! nossa rebeca ,querida rebeca existem tantas rebecas e tantas estelas por ai!! concerteza eu quero ser uma rebeca!! mais ainda sou metade rebeca metade stella.mais deus esta sempre comigo e eu vou ser um exemplo como rebeca!!bj de:aline gabrielle
ResponderExcluirAmeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei!
ResponderExcluirMuito linda essa história, um belo exemplo!
aonde está a história p mim ler? em q blog q vc n posto querida ?
ResponderExcluirAmeeeeeeeeeeeeeeeei, choreeeeeeeeeeeei, gosteeeeeeeei !!
ResponderExcluirQUANDO SAI O VOLUME 2 ???? :*
Ameii *--*, Que o Senhor Jesus continue abençoando a todos que trabalham no propósito de salvar vidas. Parabéns a vocês e principalmente a Deus pois a Glória é D'Ele e para Ele..
ResponderExcluirSuper emocionante!
ResponderExcluirAmeeeeeeeeeeeeeei *--*
Nossa, amei o livro ele e muitoo boooom!
ResponderExcluirLinda história, e me fez refletir sobre algumas atitudes minhas como cristã. Adorei, super edificante. Deus te Abençõe..
Realmente quando agente tem luz, agente incomoda!!
ResponderExcluirGalera do blog garotas cristãs, peço a todas que acompanham esse blog o apoio de vocês que se gostarem sigam o meu blog www.parasalvarumaalma.blogspot.com.br
bj a todos!! Conto com vocês!!
Que lindo!!
ResponderExcluirChorei, mas n foi de tristeza e sim de alegria por conhecer histórias parecida e ter vivido algo parecido, e simplesmente maravilhoso andar com Deus e tomar decisões com ele...
To muito feliiz, refleti sobre algumas dúvidas.... palavras não expressam tais sentimentos..!
Que Deus continue lhe usando pra levar a mensagem e que muitas pessoas se convertam com suas palavras... fica na presença do rei...