Para sempre 17 – Uma pequena história sobre decisões e frustrações



Ah, meus 17 anos...

Na verdade, foi aos 16 que eu realmente comecei a sentir a pressão da vida. Mas será somente da vida? Por que não dizer da família, dos amigos e da sociedade, que me levaram a pressionar a mim mesma? Eu me recordo de ter começado a tomar decisões a partir daí, mas foi aos 17 que elas tiveram mais importância. Foi aí que começou uma longa caminhada com destino incerto.

Lembro-me de prosseguir minha jornada ouvindo os outros, tentando descobrir o que eles queriam de mim. E comecei minha caminhada carregando comentários, opiniões e conselhos que eu conseguia captar, os quais eram como pesadas pedras. Não aguentando tamanho peso, resolvi jogá-las pela estreita estrada. Mas estava difícil caminhar por ela e a cada passo meus pés doíam mais. Havia pedras de todos os tamanhos e muitos me machucavam, mas eu teimava em prosseguir porque eu queria chegar a algum lugar. Cheguei, mas não foi onde eu esperava.

Encontrei espinhos no meio do caminho – meus Medos e Ansiedade. Eu deveria cortá-los e prosseguir na minha caminhada, mas tive medo de me machucar. Foi então que eu percebi um pequeno trecho na margem da estrada, onde não havia espinho algum – um caminho chamado Comodismo, e resolvi ir por ele. Mal sabia eu que ele me levaria para um lugar bem diferente do meu destino. 

Durante esse caminho desconhecido tive o desejo de voltar atrás e recomeçar minha caminhada, mas estava tão longe que eu senti que era tarde demais. Prossegui e deixei-me levar para onde quer que fosse, quando percebi que ao lado desse caminho havia um trecho da outra estrada, pela qual eu estaria prosseguindo se não fosse pelos espinhos. Alguns metros adiante, com ambas as estradas seguindo paralelamente, me deparei com uma grande colina. Resolvi subir.

Quase no ápice pude avistar um chalé de onde saía um senhor que, apesar da idade que aparentava, tinha um excelente vigor e uma luz radiante que parecia sair de dentro dele. Antes que eu pudesse me esconder ele me viu, sorriu e acenou, convidando-me a me aproximar. Meio hesitante, continuei subindo até chegar à porta daquele simpático chalé, onde estava aquele senhor. Antes que ele mesmo se apresentasse perguntei seu nome, e ele me pediu para que o chamasse Senhor do Tempo. 

Pois bem, o Senhor do Tempo não demorou a perceber as feridas nos meus pés e o meu cansaço. Aliás, essas foram as primeiras coisas que ele percebeu. Fiquei surpresa ao ver que ele me olhava com tamanha compaixão, como se tivesse percebido minha frustração e minha dor por não ter chegado onde eu queria. Não me contive e comecei a chorar, pensando no que seria de mim a partir daquele momento. Ele simplesmente enxugou minhas lágrimas e começou a falar.

Ele afirmou estar me observando antes mesmo do início da minha caminhada e que, na verdade, eu já havia começado a caminhar antes que eu percebesse. Eu estava simplesmente reunindo as condições necessárias para escolher uma estrada definitiva. Mas para isso eu deveria tê-lo consultado, pois ninguém melhor do que ele sabia qual era o melhor caminho a seguir dependendo das minhas condições naquele momento.

Vi lá de cima um longo trecho totalmente pedregoso. Havia pedras de todos os tamanhos (as pedras que eu havia levado), e então pude perceber porque meus pés estavam tão dolorosos. O Senhor do Tempo me disse que eu não deveria ter levado grande parte daquelas pedras para a estrada. Foi quando aprendi que nem todos os conselhos e opiniões deveriam ser levados em consideração na hora de fazer minhas escolhas.

Mais adiante vi os espinhos dos quais desviei. Da estrada eles pareciam enormes e muito difíceis de serem removidos, mas do alto da colina eram insignificantes. Mal sabia eu que depois desses espinhos havia uma estrada plana e segura, pela qual eu deveria ter prosseguido. E do lado daquele espinheiro avistei a estradinha que havia sido meu falso refúgio. Ela tinha me levado para tão longe que eu não consegui enxergar a estrada certa mas, mesmo que eu quisesse, eu não poderia simplesmente me transferir para a boa estrada. Havia uma barreira enorme que me impediria de chegar a ela, o que me levaria a encarar novamente os espinhos para poder trilhá-la. Com isso aprendi que é necessário enfrentar nossos medos e preocupações para que então pudéssemos seguir um caminho mais seguro.

O Senhor do Tempo me mostrou que aquele caminho alternativo que tomei era mais longo do que eu imaginava e que não havia destino. Se eu não tivesse tomado a iniciativa de subir aquela colina eu iria continuar a caminhar sem rumo pelo resto dos meus dias. E finalmente vi onde as duas estradas se encontravam. Ele me disse que eu não era a única a entrar naquele chalé que tinha tomado o caminho sem rumo, mas que eu era uma das poucas pessoas que haviam subido aquela colina e ouvido o que ele tinha a dizer. Perguntei-lhe se não havia possibilidade de evitar que outras pessoas escolhessem seguir o caminho mais “seguro” – o Comodismo. Sem hesitar, ele me disse que podia fazer isso, mas não queria. Temia em interferir nas decisões dos outros e ser expulso de seus caminhos. Ele simplesmente deixava que cada um fizesse suas escolhas e o tempo lhes mostraria as consequências de suas decisões. Mas não poderia deixar que vagassem sem destino para todo sempre, por isso havia construído seu chalé naquele local estratégico, onde poderiam parar para pedir ajuda. Nem todos os que caminhavam pela estrada sem rumo subiam até lá, mas todos os que vinham da boa estrada iam até o chalé antes de prosseguirem. Mas por quê? Porque o Senhor do Tempo lhes daria o “combustível” para continuar caminhando. Quando perguntei novamente o porquê, a resposta me surpreendeu: porque eles sabiam que isso seria necessário.

O Senhor do Tempo estava presente desde o início de nossa caminhada, chamando a atenção de cada um para mostrar-lhes que só ele tinha as instruções para trilhar o caminho com mais segurança. Mas nem todos lhes davam ouvidos, por isso havia muitos que trilhavam o caminho sem rumo ou, na pior das hipóteses, desistiam e voltavam ao início, decididos a não saírem de lá por medo de não conseguirem chegar ao seu destino. Os que lhe ouviam e seguiam suas instruções, apesar das dificuldades encontradas ao longo do caminho, eram bem-sucedidos em sua caminhada.

Depois dessa longa conversa, foi-me permitido entrar no chalé para descansar antes de ir embora. O Senhor do Tempo havia me dado a certeza de que eu poderia me transferir para a boa estrada, desde que eu seguisse suas instruções e não tivesse medo dos obstáculos que viriam pela frente –e pude ver de uma pequena janela que havia muitos. Por mais que parecesse tarde demais, resolvi acatar seu conselho. Eu não poderia voltar atrás, mas poderia começar de novo, de onde eu havia parado.

Então vamos lá:

Ah, meus 17 anos...

Vou deixar o Senhor do Tempo escrever o restante da minha história.

Comentários

  1. Nossa, que lindo este post *--*
    Amei demais o texto, realmente Deus falou comigo...
    Lindo ! Parabéns !
    Beijos, Deus lhe abençoe !

    http://coracao-de-adoradora07.blogspot.com.br/

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  2. Lindo o texto, mt edificante!
    Deus te abençoe sempre1 :)

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  3. Cara muito Lindo - na real vcs não sabem a Importncia que exercem estes tipos de blog - Conselhos que não nos induzem;e sim nos ensina a pensar o melhor para conosco mesma.

    Garotas adolecêntes necessita de posts como estes que retrata nossas dificuldades sem precisar dize-las

    que Deus as abençoe ;D

    apaz-akf

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  4. Engraçado, passei por isso aos 14 anos, um pouco mais cedo, rs. Mas é bem assim. Graças a Deus meu caminho pelo comodismo foi curto, pois fui forçada a crescer muito cedo...

    Continuem "passando a palavra" e que Deus lhes abençoe :)

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